Rodoviários buscam salários justos, empresários dos transportes aumenta passagem e usuários contra tarifas abusivas.
Há tempos ouve-se falar do jabá que rola com os aumentos das passagens dos ônibus em Juiz de Fora. Os centavos do aumento fazem o caixinha para o prefeito. É a conversa dos encontros para um cafezinho na Halfeld, nas rodinhas dos empresários do centro da cidade, dos politiqueiros, e até dos oposicionistas ao governo. Em algumas reuniões partidárias comentava-se a boca pequena o uso do caixinha como presente para o Prefeito e os vereadores amiguinhos do prefeito.
E cada período eleitoral o mote de não aumentar a passagem dos transportes urbanos, promessa de campanha.
Todo ano os embates entre sindicato dos rodoviários por reajuste salarial, parte patronal. Aprovado o reajuste da classe trabalhadora, entra dias depois o Executivo anunciando aumento da passagem. E não passavam em “brancas nuvens” na ponta final, os usuários, esses vão buscar seus direitos, os estudantes não aceitam o aumento, pois não cabe no orçamento da classe estudantil, e lutam pelo meio-vale estudantil, os trabalhadores buscam seus sindicatos para irem a luta contra o aumento das passagens. O povo vai as ruas.
Aos olhos das contradições, a verdade sobre o caixinha como resultado do aumento das passagens, ficava oculto da sociedade juizforana.
Mas essa questão veio à tona em 2008 nas investigações subsequentes ao ex-Prefeito Carlos Alberto Bejani (ex-PTB).
Refrescando a memória
Falsa Promessa de Campanha.
Em 2004 ano eleitoral o candidato a prefeito e deputado estadual pelo PTB Carlos Alberto Bejani, em uma reunião no Comitê Financeiro de Campanha diante de dezenas de lideranças comunitárias e uma multidão de pessoas, prometeu que não aumentaria as passagens de ônibus urbanas em Juiz de Fora e que iria a partir de 1º de janeiro de 2005 reduzir a passagem de R$1,20 para R$1, 10. Promessa que foi feita também a uma rádio e TV da cidade. Ora os trabalhadores que tem um salário aquém das necessidades de uma família, ouvindo isso, não tiveram dúvidas é o prefeito ideal. E os votos vieram.
Em 27 de março de 2005, Bejani faz comunicado oficial, anuncia reajuste das passagens para R$1,30 a partir de 1º de abril. Os usuários ficaram indignados com o aumento, e em locais na cidade era comum ouvir reclamações, nos pontos de ônibus, faculdades, postos médicos, filas dos bancos, mercados.
Entrou na briga pelos usuários em nome da anulação do aumento da passagem uma associação, que reuniu-se dia 29/03 na sala Delta da Câmara Municipal para discutir as medidas que deveriam ser tomadas contra o Decreto Municipal nº 8.498 do dia 26 de março com reajuste da tarifa em 8,34%.. Na reunião ficou definido entrar na Justiça, pela anulação do aumento, e mobilizar as frentes representativas da população.
A mobilização em 2005 não foi expressiva nem por parte dos estudantes e nem por partes dos movimentos organizados, sindicais e classes trabalhistas. Veio à luta uma Associação que somente tinha uma diretoria para falar em nome, mas não havia uma participação direta dos usuários, e grupos de alunos da UFJF dos DA, que fizeram passeatas.
A Associação, e outras pessoas que estavam à frente do movimento contra o aumento da passagem, naquela ocasião, denunciavam a quebra de promessa de campanha do prefeito Bejani e entraram 31 de março com liminar na Vara da Fazenda Pública para anular o aumento de tarifa.
Os movimentos de rua aconteceram, 02 de abril com alunos da UFJF em passeata pela cidade com cartazes e nariz de palhaço questionando a quebra de promessa de campanha do prefeito, em 7 de abril estávamos no calçadão da Halfeld com faixas e palavras de ordem contra o aumento da passagem. O que deu força ao movimento sem dúvida foi à cobertura dos meios da imprensa em todos os atos que nós fizemos. O povo não tinha hábito de ir as ruas fazer reivindicações ao governo.
Bejani justificava que a decisão para o aumento era diante das perdas das empresas de transporte coletivo, considerando gastos fixos e variáveis, como reajuste salarial dos rodoviários.
Perdemos a luta, a passagem passou a ser R$1,30. Os trabalhadores passaram a andar mais a pé para chegar ao trabalho, crianças e mães desciam os morros a pé para chegar as escolas. Mulheres grávidas iam a pé a cidade, para resolver problemas domésticos. Idosos iam ao centro receber suas aposentadorias a pé.
Ano 2006
Em 31 de março sindicatos que representam os rodoviários e os donos de empresas de ônibus reuniram-se para discutir o reajuste salarial dos rodoviário, mas não chegaram a um consenso na hora de aprovar aumento.
O prefeito Bejani anuncia novo reajuste da tarifa, que passa a valer de R$1,30 para R$1,55. O Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFJF organiza passeata em protesto ao aumento das passagens, e pelo meio-vale transporte para estudantes, a manifestação ganha ruas em 1º de fevereiro, começou no campus, percorreu os bairros Dom Bosco, São Mateus, Av. independência, Av. Rio branco fechou o trânsito e concentrou-se na frente da Câmara Municipal à tarde.
No dia seguinte 02 de fevereiro, os estudantes vão as ruas novamente com cerca de 300 manifestantes, entre sindicatos, representantes partidários e população. A manifestação foi reprimida violentamente por parte dos policiais militares com spray de pimenta, golpes de cassetetes e cavalos, ficando estudantes e 2 jornalistas feridos. Moradores dos prédios jogavam papéis nos militares contra a truculência deles aos manifestantes que lutavam contra o abusivo aumento dos ônibus urbanos.
Dia 03 de fevereiro a manifestação ganha corpo e concentra-se com cerca de 300 estudantes em frente ao Hotel na Av. Independência repleto de políticos em evento por parte do governo de Minas Gerais. Entre eles o deputado federal Custódio Mattos.
Ano 2007
Prefeito Bejani aumenta a passagem dos coletivos urbanos de R$ 1,55 para R$1,75