ELISABETH MERELIM
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15 outubro, 2010

VAMOS ELEGER DILMA PRESIDENTE PARA O BRASIL SEGUIR MUDANDO!


VOTEM DILMA 13 NO DIA 31 DE OUTUBRO.


NÃO HÁ COMO VOLTAR AO RETROCESSO DE FHC.


NÃO HÁ COMO VOLTAR AO PASSADO DAS DÍVIDAS COM O FMI.


VAMOS DIZER SIM, PARA AS COTAS NAS UNIVERSIDADES FEDERAIS!


DIZER SIM PARA O Pró-Uni, QUE ESTÁ DANDO MUITO CERTO NA EDUCAÇÃO!


VAMOS DIZER SIM PARA A REDE PORTUÁRIA QUE PASSA NO GOVERNO LULA POR ESTRUTURAÇÃO, PORQUE ISSO É DESENVOLVIMENTO ECONOMICO E SOCIAL!


VAMOS DIZER SIM PARA O BOLSA FAMÍLIA, QUE AGREGA CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL E EMPREGO COM CARTEIRA ASSINADA!


VAMOS DIZER SIM AS NOSSAS CRIANÇAS DO PRESENTE E DO FUTURO COM O PRÉ-SAL É NOSSO!


VOTEM DILMA 13!

01 agosto, 2010

Elaboração e Execução de Projeto de reparos na estrutura de uma escola pública de Juiz de Fora

No mês de Julho de 2010, eu fui convidada pela professora Maria Helena de Oliveira, que assumiu a direção da Escola Estadual Teodorico Ribeiro de Assis, no mesmo mês, para elaborar um Projeto de capitalização de recursos em materiais de construção para reparos na escola, para que as crianças ao retornarem as aulas em agosto encontrassem um ambiente educacional mais saudável.
(na foto a esquerda a secretária escolar, no meio a diretora Maria Helena, a direita de xale preto, eu Elisabeth)

A diretora Maria Helena me apresentou a lista de materias necessários.

Fiz um planejamento: levantei os potenciais empresários do ramo do comércio de materiais de contrução na cidade que poderiam ser solicitados a colaborarem com doações de produtos necessários aos reparos da escola. Elaborei cartas em duas vias, com recibo de protocólo, para serem entregues a cada um dos empresários dos ramos específicos com descrição dos itens de materias.

Execução do Projeto.

Saímos em visitas eu e professora Maria Helena, as lojas durante um período de 15 dias, conseguimos toda a lista de material necessário para os reparos na escola. Inclusive com alguns empresários entregando na escola os produtos para reforma.

Foram necessários para a reparação da escola: Material Hidráulico, elétrico, vidros para portas e janelas, tintas de parede, massa corrida, lixas, solvente água raz, cimento, rolos para pintar paredes, pincéis, chapa de aço para reparos no portão de entrada da escola.

A professora Maria Helena consegui que os profissionais na própria comunidade da escola: pintor, pedreiro, serralheiro, eletricista, que fizessem o trabalho de reparos na escola na forma voluntária sem cobrar nada.

Modelo da carta de solicitação:

Juiz de Fora, de julho de 2010.

Ao
____________________

Prezados Senhores,

A Escola Estadual Teodorico Ribeiro de Assis, está passando no momento por situações difíceis em sua estrutura física, precisando de reparos URGENTES, para atender as crianças de 6 a 10 anos, de sua comunidade. Sem esses reparos fica difícil atendê-las em suas necessidades básicas para que possam em segurança permanecer no ambiente escolar, e oferecê-las um ambiente saudável, considerando ser crianças muito carentes.
Solicitamos dessa conceituada empresa a colaboração de doações:
_____________________________________________
Sem mais para o momento e contando com sua colaboração desde já,
Agradeço em nome da escola,
Cordialmente,
______________________________ (outras informações que foram excluídas para a publicação no blog)
Última etapa do projeto a execução da obra:





Pintor voluntário






Serralherio voluntário

reforma do portão de aço







fotos do meu celular

Inauguração do Comitê Central da candidata a deputada federal-PT Margarida Salomão 1314

Estive ausente, pois entrei para o facebook, realizei um projeto na cidade, de reforma de uma escola pública, e estou trabalhando bastante nos bastidores da política.
O que estive fazendo nesse tempo de ausência no Blog.
Estive presente dia 11 de Julho, na inauguração do Comitê Central da candidata a deputada federal-PT Margarida Salomão, que contou com a presença dos deputados estaduais que estão juntos a ela na campanha na zona da mata e vertentes. Compareceu ao evento, o Suplente de Senador ex- deputado federal Virgílio Guimarães, da chapa do candidato ao Senado Fernando Pimentel-PT. Presença de prefeitos e vereadores da região. O evento saudou a nossa candidata a presidência da República pelo Partido dos Trabalhadores a ex-ministra-Chefe da Casa Civil Dilma Rousseff. Todos os presentes candidatos enfocou a importância da militância petista, para que os candidatos tenham vitória nas urnas.

Foto a (esquerda, de óculos) a ex-Reitora e professora da Universidade Federal de Juiz de Fora, candidata a deputada federal-PT Margarida Salomão, o Vereador-PT e candidato a deputado estadual Flávio Cheker. E eu Elisabeth Merelim psicóloga, filiada ao PT




Margarida Salomão 1314, discursando para os presentes sobre problemas da região, o desenvolvimento economico e social com relação da educação. E a importância do parlamentar sensibilizado e comprometido com a região e seu povo. Candidatura oficializada no Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais




Candidato a deputado estadual Flávio Cheker 13609, em discurso, apresentando propostas para a legislatura








O local estava lotado! Presença dos militantes petistas, lideranças de Juiz de Fora e região
No final do evento foi apresentado toda a estrutura de campanha do Comitê Central aos presentes.
fotos do meu celular

26 junho, 2010

Mercadante é o candidato para o governo de São Paulo pelo PT

foto tribuna do Senado - 436
Hoje (26/06) aconteceu Convenção Estadual do PT em São Paulo.
Senador Alosío Mercadante é o candidato do PT para disputar as eleições para governo SP.
Ampla coligação partidária foi construída para eleger Mercadante:
PDT, PTN, PRP, PSL, TdoB, PR, RB, PTC, PPL, que juntos dão sustentação de tempo de TV.
foto arquivo
O governo Serra marcado por desentendimentos entre classes trabalhadoras, como professores e profissionais da educação.
Não abriu o diálogo e foi preciso que a classe entrasse em greve geral para reivindicar seus direito.
Classe dos profissionais da educação ao pedir reajuste salarial foram reprimidos violentamente pela polícia militar do estado de SP, com agressões, prisões e o gás em spray de pimenta na cara.
O estado vive a desordem da insegurança pública. O crack está nas vias centrais da cidade, usado por menores, que não frequentam as salas de aula, os cidadãos são abordados aos sair dos bancos e levados em sequestros relampagos. Bancos são assaltados semanalmente.

Condomínios de luxo vivem o arrastão dos bandidos que roubam a mão armada vários apartamentos de uma só vez. Idosos são amarrados, crianças são expostas a violência, pelos bandidos.

O governo Tucano não tem muito o que dizer diante da situação, faltou administração firme de enfrentamento ao crime organizado, pois as quadrilhas do tráfico de drogas fazem dinheiro com sequestro e roubos a instituições financeiras.

E em relação a obras de grande porte como túneis e pontes, São Paulo viveu dias de horror com desabamento dessas obras, onde houve perda de vidas e danos a bens materiais dos cidadãos paulistas.

Esse quadro no estado deve sem dúvida fazer os paulistas pensarem antes de votar em Serra para presidente e em Alckimin para governador de São Paulo.

24 junho, 2010

Dilma Rousseff a frente do adversário Tucano

Pesquisa Ibope para Presidência 2010


Dilma Rousseff (PT)

  • Fevereiro - 28%
  • Março - 33%
  • Abril - 32%
  • Junho 05 - 37%
  • Junho 23 - 40%

José Serra (PSDB)

  • Fevereiro - 41%
  • Março - 38%
  • Abril - 40%
  • Junho 05 - 37%
  • Junho 23 - 35%

Marina Silva (PV)

  • Fevereiro - 10%
  • Março - 8%
  • Abril - 9%
  • Junho 05 - 9%
  • Junho 23 - 9%

Segundo Turno

  • Dilma - 45%
  • José Serra - 38%

Nota: data da pesquisa: 19/06 a 21/06
Eleitores entrevistados: 2002
Margem de erro: 2%
Brancos e nulos: 6% Não sabem: 10%
Registro no TSE nº 16292/2010

A primeira pesquisa após oficialização das candidaturas presidenciais apontam que Dilma Rousseff cresce em intenções de votos junto ao eleitorado.

A Convenção do PT em 13 de Junho oficializou a candidatura de Dilma Rousseff.
Em março Dilma era reconhecida por 58% dos eleitores como candidata de Lula, Nessa última pesquisa do Ibope passou a ser reconhecida em 73% dos consultados.


Os resultados mostram que Dilma ganhou mais fôlego em relação ao adversário tucano. As novas inserções na TVs regionais, e os encontros com lideranças européias em eventos no exterior, que foram cobertos pela imprensa Nacional são motivadores positivos desse crescimento natural da canditada petista.
foto: AFP
Ao lado Dilma Rousseff e o Primeiro-Ministro espanhol José Luiz Rodríguez Zapatero
no Palácio da Moncloa - Madri



Foto: AFP
Ao lado Dilma Rousseff na França com o Presidente Sarkozy.

Enquanto Dilma avança nas pesquisas, Lula mantém o nível recorde de aprovação do governo com 75% dos entrevistados apontando como ótimo e bom o seu desempenho, e 85% concordam com as ações do governo de acordo com a CNI/Ibope.


Observamos a tendência de crescimento da candidata petista e o declínio do candidato tucano junto aos eleitores. A cientista Maria do Socorro Braga da Universidade Federal de São Carlos(Ufscar) aponta que Serra não conseguiu reverter sua tendência de queda em relação a exposição da candidatura de Dilma nos últimos dias. Os números das pesquisas revelam que a candidatura do Serra (PSDB) chegou no teto e está em queda livre.

A campanha oficialmente ainda não começou, no momento os partidos dos candidatos e os próprios candidatos buscam o reconhecimento junto aos eleitores, e a aprovação dos seus feitos nas administrações públicas. E participam de eventos fechados, encontros com lideranças nacionais e internacionais no campo da política, economia, cultura, religião.

A queda de Serra tem fatores como a indecisão do vice na chapa presidencial, mais a aliança com o partido dos democratas (DEM), partido de direita conservadora, envolvido em vários casos de corrupção, como foi o caso do “mensalão do DEM” e a queda do governador José Arruda (ex-DEM) preso por envolvimento em corrupção com dinheiro público.
Ao lado o ex-governador do Distrito Federal José Arruda (ex-DEM)

sendo conduzido a sede da Polícia Federal após decretada sua prisão.

José Arruda (ex-DEM) era um dos nomes para vice-presidente na chapa de José Serra (PSDB). As chamadas dos tucanos no campo da saúde quando Serra foi Ministro da Saúde de FHC, não o promovem, pois a saúde no estado de São Paulo está muito aquém do desejado como saúde pública de qualidade. Serra também teve vários momentos de confronto com a classe dos trabalhadores da educação quando reivindicaram reajuste salarial.


Fator positivo a candidatura de Dilma, é a candidata do Presidente Lula,
que vem batendo recorde de aprovação de governo.

Programas como o Combate à Fome e à Pobreza e a Ação de Governo são marcas registradas do Governo Federal. Dilma foi Chefe da Casa Civil, a Ministra foi idealizadora do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC. É chamda de “mãe do PAC”. O programa que trouxe crescimento ao país, vem estimulando o mercado de trabalho, emprego com carteira assinada, no setor da construção civil. Promove distribuição de renda. Programa da agricultura familiar, e assentamento de terras ao homem do campo.


Slogan da campanha de Dilma: “Para o Brasil Seguir Mudando”.

Dilma encarna a continuidade do governo Lula, garantia de que tudo que foi conquistado nesses anos de governo Lula não se perca, são conquista nas áreas de educação para todos, melhora na saúde com a criação das UPAs 24 horas de atendimento, agricultura familiar, combate à fome e a pobreza.

Dilma em discurso na Convenção do PT disse:

“Podemos fazer mais e melhor”.

Fonte: G1.globo.com/pesquisa-ibope-aponta-dilma-com-40, bahiapress.com.br/wordpress, jbonline.terra.com.br/pextra/2010


16 junho, 2010

CQC NA CÂMARA DOS DEPUTADOS

CQC com seu humor apimentado, instigante, inteligente mostra ao Brasil que temos mais uma profissão rolando na Câmara dos Deputados - o contratado por parlamentar autor de PEC que vai aos corredores da Câmara abordar deputados para assinar PEC.

Tudo bem se não fosse o fato, dois integrantes CQC disfarçados, foram a campo em busca de assinaturas para uma PEC de autoria do CQC que incluia 1 litro de cachaça na cesta básica. A jovem integrante do CQC disfarçada em funcionária abordava deputados nos corredores da Câmara e pedia que assinassem uma PEC,. E os deputados sem ler e sem muita conversa iam assinando a tal PEC da cachaça, como se estivessem assinando algo que viesse de fato a contribuir para a sociedade brasileira como um todo.

Após esses desavisados deputados terem assinado a PEC sem ler, um outro integrante do CQC abordava os deputados e perguntavam o que eles tinham assinado. Uns gaguejavam tentando dizer algo do que não tinham conhecimento e após serem informados que se tratava de uma PEC que incluia 1 litro de cachaça na cesta básica ficavam desconcertados.

Um dos deputados federais Júlio Delgado (PSB-MG) que assinou a PEC é de Juiz de Fora-MG, eleito com os votos dessa cidade, na ocasião em que o pai ainda era o Prefeito. Ao ser abordado após ter assinado a PEC, e ser questionado sobre o que tinha assinado, disse que não sabia pois não tinha lido, e ao ser informado que se tratava de uma PEC que incluia cachaça na cesta básica, o deputado Júlio delgado disse que então poderia retirar a sua assinatura da PEC da cachaça.

É parece que os deputados federais andam assinando coisas sem saber do que se trata. Jogam o dinheiro público que vem do contribuinte, sendo assim do povo brasileiro no lixo!
Depois de assinada uma PEC o caminho certo é ser apresentada no Plenário, para ser discutida e votada, isso leva tempo, e recursos públicos.
Vota-se mal e se elege pessoas incompetentes para o cargo público, no caso deputados.
É ano eleitoral vai-se repetir?

13 junho, 2010

COM DILMA O BRASIL VAI SEGUIR MUDANDO

foto: Ullisses Campbell 12-06-2010 Conv. PMDB SPAcontecendo hoje, 13 de junho de 2010, a Convenção Nacional do PT, em Brasília, no Setor de Clubes Sul, com início às 10:00h. Sendo homologada a candidatura da ex-Ministra Chefe da Casa Civil do governo Lula, Dilma Rousseff à Presidência da República e aprovação da aliança nacional com o PMDB, com Michel Temer à vice-presidente.

No evento as mulheres são o centro das atenções, homenageadas, através da história por suas heroínas, que bem nos representam no tempo e no espaço. O salão do evento está repleto de painéis, com Dilma Rousseff e mulheres que lutaram por causais sociais como: Chiquinha Gonzaga, Princesa Isabel, Anita Garibaldi, e Maria Quitéria. Essas mulheres aparecem, no evento, consagradas com a frase: “Elas mudaram o Brasil”.
DILMA ROUSSEFF “Com ela o Brasil vai seguir mudando”

Em 10 estados brasileiros e no Distrito Federal está previsto que o PT lançará candidatos cabeça de chapa e em outros locais o PT fechou alianças partidárias.

A Convenção do Partidos dos Trabalhadores, 13 de Junho de 2010, registra na história do Brasil que podemos seguir mudando em busca de desenvolvimento social e econômico, fazendo desse país referência mundial na construção de uma sociedade mais justa para com seu povo.

Noticiais:

  • PMDB fez sua Convenção Nacional, dia 12 de junho, oficializando aliança com o PT.
  • PDT realizou Convenção dia 12 de junho, em São Paulo e oficializou apoio a candidata Dilma Rousseff à Presidência da República.


10 junho, 2010

Aniversariando

Parabéns Professora Margarida Salomão pelo aniversário - 10 de junho!

Esse ano é especial e nós estamos desejando vitória a companheira de partido, vitória nas urnas, vitória para Zona da Mata mineira, vitória para Juiz de Fora que precisa de parlamentares comprometidos com a cidade.



08 junho, 2010

Eleições 2010 em Minas Gerais

Planalto Central
Minas Gerais é ponto estratégico para se eleger a pré-candidata Dilma Rousseff, e foi cenário de uma verdadeira disputa de nomes para Governador em 2010 para formar o palanque único para Dilma.

Os petistas em todas as bases lutaram por um nome da legenda nessas eleições no estado de Minas. Bravos companheiros que em algumas ocasiões trocamos ideias, conversas, nos comunicamos por e-mails, em locais de trabalho, nas ruas.


Antes fomos as Prévias, partido de militância tem prévias, escolher um nome e como temos ótimos quadros no Partido dos Trabalhadores, a eleição interna se deu em volta de Patrus Ananias ex-Ministro do Desenvolvimento Social e Combate a Fome no governo Lula, e o ex-Prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel.
Pimentel venceu. Passadas as prévias os petistas se uniram em volta do candidato vencedor - Pimentel. Comum encontra a frase "É votei, sou Patrus, mas agora defendo a indicação de Pimentel para cabeça de chapa para o governo de Minas". E o Diretório Estadual de Minas e toda militância nos bastidores lutaram para isso, cada um dando o melhor de si.
foto Ricardo Stuckert
O PT governo a nível nacional sabe que o Brasil não pode mudar de rumo, desconstruir tudo que foi construído com muito esforço nesses 8 anos de mandato de Lula, seria colocar em risco o Brasil.
Dilma representa o Brasil avançando na direção do Crescimento Econômico Sustentável e Social.
Acelera Brasil!
O PAC é o divisor de águas entre o Brasil do passado, individado, sem crescimento economico, incapaz de distribuir renda a seu povo e o Brasil de hoje em pleno vapor do crescimento economico e social, distribuição de renda através do trabalho. Esse é o Brasil de Dilma Rousseff a Mãe do PAC. Do governo Lula.

Os programas do PT enquanto governo federal, tirou o Brasil da miséria, mudou a cara do país. Houve ascenção da camada social mais baixa na sociedade brasileira, houve mais distribuição de renda. O Brasil passou a ser visto internacionalmente por seus programas sociais e de desenvolvimento econômico como nunca antes na história brasileira. O Brasil é respeitado! Tem espaço e voz nos assentos de decisão em muitas Conferências e encontros Internacionais.
Optou-se por uma aliança em Minas que dê sustentação a palanque único da pré-candidata Dilma Rousseff (PT) e garanta a vitória nas urnas. Essa aliança alinhava tempo de TV, duas grandes militância de massa e representatividade direta na base do povo. PT e PMDB acertaram juntos que o candidato da base do governo Lula as eleições em Minas Gerais para governador é o Senador Hélio Costa.

O PMDB sabe de antimão que essa vitória depende da militância petista nas ruas. Depende de que os petistas peçam votos em suas bases para o candidato da aliança PT-PMDB para governador de Minas.

Petistas votam em petistas, e o PT também é o partido que mais tem filiados somente de coração, sem via de filiação na legenda ou nos TREs. O povo abre a boca e diz sou PT. E é mesmo! Sabem quem está nos cargos políticos, sabem dos programas de governo do PT no Brasil. Sabem tudo!

Temos um pré-candidato Senador Hélio Costa ao governo de Minas que faz parte da base de alianças majoritária para eleger a pré-candidata Dilma Rousseff Presidente. Essa a única exceção que petistas fará nas urnas, votando em outra legenda que não seja a do PT.
Vamos vermelhar as urnas, vamos de PT em todos os cargos. Petistas votam em petistas!
Em Juiz de Fora temos a pré-candidata Deputada Federal Margarida Salomão que foi muito bem votada em 2008 para Prefeita. Margarida Salomão é petista, tem apoio e toda a colaboração dos petista, é a nossa pré-candidata ao Câmara dos Deputados.
Vamos eleger nossa pré-candidata Margarida para Deputada Federal para que ela através de seu mandato faça muito pela Zona da Mata! Um mandato antenado com Juiz de Fora e a região da Zona da Mata representada por seus Prefeitos e lideranças de base. Margarida Salomão representa o desenvolvimento econômico e social de toda região!

06 junho, 2010

EUA BRINCA DE SER O DEUS DA GUERRA, E JUNTO COM ISRAEL PROMOVE CONFLITO NO ORIENTE MÉDIO!

Forças de Israel atacam frota que levava ajuda humanitária para Gaza

Os ativistas humanitários com 10 mil toneladas de suprimento tentavam furar bloqueio de ajuda humanitária à Gaza imposto por Israel e pelos Estados Unidos.

Militares de Israel interceptaram por mar e ar um comboio de ajuda humanitária, e pelo menos dez pessoas morreram, segundo o Exército israelense e muitos deles segundo o exército seriam de nacionalidade turca, Agências internacionais de notícias informaram que 30 ativistas ficaram feridos no ataque.

A "Frota da Liberdade", composta por três navios que levavam 750 ativistas e três outros com 10 mil toneladas de carga, saiu de uma área perto do Chipre. Os ativistas contaram que mostraram bandeiras brancas, mas os soldados israelenses atiraram na tripulação.

Imagens da televisão da Turca mostram militares invadindo uma das três embarcações turcas que faziam parte do comboio. Oficiais de Israel afirmaram que foram recebidos com resistência pelos ativistas e que haviam recebido ordens para atirar quando estivessem em perigo. Eles confirmaram que havia feridos nos barcos e que três navios de guerra da marinha israelense deixaram a base em Haifa. Canais de televisão turcos mostraram imagens ao vivo do ataque durante uma hora, mas as comunicações foram cortadas.

Até o momento não foi comprovado que a população de ativistas humanitários que tentavam levar suprimentos de sobrevivência aos palestinos de Gaza, possuiam armas. E a mídia mundial apresentou que os ativistas para se defenderem da ofensiva armada israelense, usou de barras de ferro, bolas de gude, e estilingue e algumas facas.

Ora pois, soldados israelenses fortemente armados lutaram contra homens armados de bola de gude? Barras de ferro? Que ofensiva paramilitar é essa que o governo de israel teme? Ou será que os judeus esqueceram o que é uma guerra?

O governo de Israel disse que após ser verificado a segurança, a carga será enviada para Gaza pelos meios autorizados. Israel afirma que não atacou nenhum navio, “cumpriu ordem do governo que impede que qualquer embarcação se aproxime da Faixa de Gaza sem entrar em contato com Israel”. Em comunicado, o exército de Israel afirma que os suprimentos poderiam ser enviados à Gaza legalmente por meio do seu território.

Será mesmo que o Governo de Israel que tanto ganha com esse conflito armado no Oriente Médio, pensa mesmo em enviar os suprimentos aos palestinos, que se encontram na Faixa de Gaza? Mas é Israel que promove junto com os Estados Unidos da América o bloqueio de ajuda humanitária a Gaza! Como se os palestinos não fossem um povo, e tão antigos como judeus no Oriente.

Os ativistas humanitários iam para Gaza, levando 10 mil toneladas suprimentos de alimentos, remédios, incluindo cadeiras de roda, casas pré-fabricadas e purificadores de água.

Israel alertou que interceptaria os navios se continuassem com a missão. Esta foi a nona vez que o movimento pró-palestina tentou levar ajuda à Gaza desde a implantação do bloqueio, há quase três anos.
(Foto: Arte/G1)
Mapa da região dos ataques israelense ao comboio dos ativistas humanitários levando suprimentos a Faixa de Gaza.

A Marinha de Israel atacou uma frota de seis embarcações com ativistas pró-palestinos que tentavam furar o bloqueio à faixa de Gaza e entregar suprimentos à região. A iniciativa dos ativistas tinha apoio da Turquia.


Após o ataque israelense a Turquia pediu uma reunião emergencial do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), disse uma autoridade do Ministério do Exterior da Turquia. A Turquia, país predominantemente muçulmano, é membro temporário do Conselho de Segurança da ONU.

O governo turco anunciou que chamou seu embaixador em Israel para consultas em protesto ao ataque israelense. O vice-primeiro-ministro turco, Bülent Arinç, acrescentou que o Turquia suspendeu seus exercícios militar conjuntos com Israel, país com o qual havia criado uma forte relação econômica e militar.


Uma das questões que devem ser verificada pelas autoridades em conflitos internacionais, diz respeito se Israel burlou leis internacionais de demarcação territorial, os ativistas dizem que os barcos estavam em águas internacionais, a mais de 60 quilômetros da costa.

Segundo os termos dos acordos de paz de Oslo (1993), Israel mantém o controle das águas territoriais diante da faixa de Gaza em uma distância de 20 milhas (37 km).

A TV árabe Al-Jazeera relatou, da mesma embarcação, que as forças da Marinha israelense haviam disparado e abordado o barco, ferindo o capitão.
A transmissão das imagens pela Al-Jazeera foi encerrada com uma voz gritando em hebraico: "Todo mundo cale a boca!".

O Mundo reagiu aos ataques militares de Israel

O genocídio a expedição de ajuda aos palestinos causou grande repercussão na comunidade internacional. O Ministério de Assuntos Exteriores da Turquia reagiu duramente ao ataque e, em comunicado, afirma que o governo israelense terá que enfrentar as consequências por seu comportamento.

A Turquia também estabeleceu um centro de crise para acompanhar o desenvolvimento dos eventos.

O embaixador israelense em Ancara, Gaby Levy, foi convocado ao citado Ministério para dar explicações e receber o protesto do governo turco. O comunicado diz que o Exército israelense usou a força contra um grupo de ajuda humanitária, que inclui "idosos, mulheres e crianças" que viajam nos navios, o que considerou inaceitável. "Tomando como alvo civis inocentes, Israel mostrou mais uma vez que não se preocupa com a vida humana, nem com as iniciativas pacíficas. Condenamos fortemente esta prática desumana de Israel", acrescentou a nota.

"Este incidente, que aconteceu em águas internacionais abusando da lei internacional, terá consequências impossíveis de compensar", avisou o Ministério turco.

"Não importa qual seja a razão, esta ação contra civis que atuam com propósito humanitário é impossível de aceitar. Israel terá que enfrentar as consequências de seu comportamento e da violação das leis internacionais", conclui o comunicado.

A Grécia através do seu Ministério de Assuntos Exteriores iniciou um mecanismo de gestão de emergência com um telefone à disposição dos familiares dos gregos que estão na "Frota da Liberdade", pois três dos navios que a compõem procedem deste país.

O porta-voz de Yanis Maistro de Atenas da seção grega da iniciativa, declarou que "os cinco navios foram sequestrados"; e que "receberam disparos a partir de lanchas e helicópteros israelenses quando estavam navegando em águas internacionais, próximas ao litoral israelense".

A Comunidade Europeia reagiu ao incidente. A chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, pediu às autoridades israelenses uma "investigação completa" sobre o ataque à "Frota da Liberdade". A diplomata também destacou por meio de seu porta-voz que a UE continua seriamente preocupada com a situação humanitária em Gaza e destacou que o bloqueio é "inaceitável e politicamente contraproducente". Segundo Ashton, a Comunidade Europeia exige a "abertura imediata, incondicional e permanente" das vias de acesso a Gaza para permitir a chegada de ajuda humanitária, bens comerciais e pessoas.

O primeiro-ministro palestino, Salam Fayyad, leu diante das câmaras um comunicado no qual assegura que "nada pode justificar" o "crime" cometido por Israel. "Esse crime reflete mais uma vez a falta de respeito de Israel pelas vidas de civis inocentes e pelo direito internacional", acrescentou.

O chefe negociador palestino Saeb Erekat, um dos assessores do Presidente palestino Mahamoud Abbas, qualificou o ocorrido de "crime de guerra" que confirma que Israel age como um Estado acima da lei". Ele pediu uma resposta "rápida e apropriada" da comunidade internacional. "Eram embarcações civis, que levavam civis e bens civis - remédios, cadeiras de rodas, comida, materiais de construção - para os 1,5 milhão de palestino fechados por Israel. Muitos pagaram com suas vidas. O que Israel faz em Gaza é horrível, nenhum ser humano esclarecido e decente pode dizer algo diferente", apontou Erekat.

Por sua vez, o chefe de governo em Gaza do movimento islâmico Hamas, Ismail Haniyeh, qualificou o ataque como "brutal" e convocou um Dia da Ira, ou seja, que os palestinos tomem as ruas em protesto pelas mortes. Ele pediu à "comunidade internacional, principalmente as Nações Unidas, que ajam o mais rápido possível para proteger os navios e os ativistas e pôr fim ao bloqueio" que mantém Israel sobre Gaza há anos com a cooperação do Egito. Pediu a Abbas que suspenda "imediatamente" o diálogo entre israelenses e palestinos com mediação dos Estados Unidos.

Aí é que mora o perigo, diante de um bloco de extrema direita de um lado EUA e de outro Israel, mais alguns países da mesma linha capitalista extremista, conservadora, intolerante, opressora, que não respeitam cultura, ideologia, soberania de Estado, e que promovem e provocam a guerra no Globo terrestre em nome de suas verdades aleatória a verdades de outras civilizações.

Repercussão internacional

Turquia - Tomando como alvo civis inocentes, Israel mostrou mais uma vez que não se preocupa com a vida humana, nem com as iniciativas pacíficas. Condenamos fortemente esta prática desumana de Israel. (...) Este incidente, que aconteceu em águas internacionais abusando da lei internacional, terá consequências impossíveis de compensar. (...) Não importa qual seja a razão, esta ação contra civis que atuam com propósito humanitário é impossível de aceitar. Israel terá que enfrentar as consequências de seu comportamento e da violação das leis internacionais" - Ministério de Assuntos Exteriores da Turquia.
Autoridade Nacional Palestina (ANP) - "O que Israel cometeu contra os ativistas da 'Frota da Liberdade' é um massacre" - Mahmoud Abbas, presidente da ANP.
Irã - "O ato desumano do regime sionista contra o povo palestino e o fato de impedir que a ajuda humanitária destinada à população chegasse a Gaza não é um sinal de força, e sim de fragilidade deste regime" - Mahmoud Ahmadinejad, presidente do Irã.
Brasil - O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, pediu "ação" e "uma declaração forte" da ONU sobre o ataque militar de Israel contra um barco que levava ajuda humanitária internacional para a Faixa de Gaza. O chanceler advertiu que a missão da frota atacada sequer seria necessária se terminasse o bloqueio a Gaza, “que já está durando tanto tempo."
França -
"Tomaremos todas as medidas necessárias para evitar, que esta tragédia provoque novas escaladas de violência" - Bernard Kouchner, ministro de Exteriores.
Alemanha -
"Os governos da Alemanha sempre reconheceram o direito de defesa de Israel, mas este direito deve acontecer dentro de uma resposta proporcional. À primeira vista, não parece ser o que aconteceu" - Ulrich Wilhelm, porta-voz do governo da Alemanha.
ONU - "Estou chocado pelas informações de que há mortos e feridos nos barcos que levavam ajuda a Gaza. Condeno estas violências. É vital que se realize uma investigação completa" - Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU.

EUA - "Os Estados Unidos lamentam profundamente a perda de vidas humanas e o saldo de feridos, e atualmente tentam entender as circunstâncias nas quais aconteceu a tragédia" - Bill Burton, porta-voz da Casa Branca.
Saeb Erekat, negociador-chefe palestino
"O que vimos essa manhã foi um crime de guerra. Esses eram barcos civis, carregando civis e bens civis - remédios, cadeiras de roda, comida, material de construção - destinados aos 1,5 milhão de palestinos confinados sob um cerco cruel e criminoso de Israel. E, por conta disso, muitos pagaram com suas vidas. O que Israel faz em Gaza é chocante; nenhum ser humano decente e informado pode dizer o contrário. Os civis desarmados foram atacados em barcos estrangeiros enquanto navegavam em águas internacionais. Esse é um outro incidente que confirma que Israel age como um Estado acima da lei. A comunidade internacional deve tomar medidas rápidas e apropriadas".
Amr Moussa, secretário-geral da Liga Árabe
“O secretário-geral da Liga Árabe convocou uma reunião urgente no nível de representantes para investigar esse crime hediondo cometido pelas forças de Israel contra civis desarmados, que deixou mortos e feridos. A Liga Árabe condena fortemente esse ato terrorista".
Altos oficiais da ONU Robert Serry e Filippo Grandi
“Estamos chocados com os relatos de mortos e feridos entre pessoas a bordo de barcos carregando suprimentos para Gaza, aparentemente em águas internacionais. Condenamos a violência e exigimos seu fim. A situação ainda está se desenrolando e estamos esperando confirmação do que aconteceu. Desejamos deixar claro que tais tragédias são inteiramente evitáveis se Israel aceitar os chamados repetidos da comunidade internacional para pôr fim a esse bloqueio contraproducente e inaceitável de Gaza".
Lula - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenou nesta terça-feira (1º) o ataque de tropas de Israel em águas internacionais contra um comboio de navios de ajuda humanitária aos palestinos. O diálogo é a melhor forma de resolver os conflitos, não atirando como Israel atirou ontem em um barco turco que ia levar comida para Faixa de Gaza, um barco que estava em águas internacionais", disse Lula durante o discurso realizado em visita à fábrica da Volks no ABC. "Eu sinceramente estou convencido de que não é o uso de armas que vai garantir a paz. O que vai garantir a paz é muito diálogo, muito investimento em comida para acabar com a fome dos países mais pobres do mundo. Acho que os dirigentes precisam aprender a dialogar mais", afirmou o presidente.
Mahmoud Ahmadinejad, presidente do Irã “A ação desumana do regime sionista contra o povo palestino, impedindo que ajuda humanitária chegue aos moradores de Gaza, mostra não a força desse regime, mas sim um sinal de sua fraqueza, e tudo isso leva esse regime sinistro e falso para mais perto de seu fim do que nunca".


Israel tem que explicar!!!
O Exército israelense matou 34 e feriu 171 membros da tripulação a bordo do USS Liberty em 8 de junho de 1967, durante a guerra árabe-israelense. E não sofreu nenhuma conseqüência. Israel disse ter confundido o navio de inteligência com um navio egípcio.

Muitos oficiais de inteligência e militares disputam a explicação de Israel, mas isso não importa. Israel tem carta branca para matar a vontade. É quase completamente irrelevante quando as nações e os partidos prejudicados reclamam.

Israelenses mataram centenas de pessoas, incluindo o aristocrata sueco Folke Bernadotte. Suspeita-se que o Mossad (serviço secreto de Israel) tentou matar o embaixador Jonhn Gunther Dean, um dos principais diplomatas americanos no Líbano. Israel é suspeito de mortes recentes em Dubai, Beirute e Damasco. “Quando o Mossad, agência israelense de espionagem, foi suspeito de levar a cabo assassinatos em todo o mundo desde os anos 1970, Israel não reconhece oficialmente ou admite as suas atividades”, relatou Times Online em fevereiro, após um ônibus que transportava funcionários iranianos e membros do Hamas explodir nos arredores de Damasco.

Soberania não tem significado Israel. Israel tem centenas de agentes, incluindo membros do Mossad operando nas áreas curdas do norte do Iraque, Irã e Síria. Em julho de 2006, Israel matou centenas de civis no Líbano, em um esforço que incluiu a participação americana. Na época, o Secretário de Estado de Bush, o neocon Richard Armitage, disse que o ataque ilegal no Líbano foi um modelo que os EUA deveria utilizar para atacar o Iran.

Os meios de comunicação em Israel orgulhosamente admitem que o Primeiro Ministro Benjamin Netanyahu autorizou o assassinato do comandante do Hamas, Mahmoud al-Mabhouh, em Dubai em 19 de janeiro de 2010. Os assassinos carregavam passaportes irlandeses, ingleses, franceses e australianos. A polícia de Dubai disse que os assassinos obtiveram cartões de crédito emitidos por um banco norte-americano com seus passaportes, e depois os usaram para comprar bilhetes de avião e outros itens relacionados ao assassinato.

Ativistas políticos pacíficos e humanitários são alvos privilegiados do Estado de Israel. Em 2003, uma escavadeira militar israelense matou Rachel Corrie, uma americana, membro do Movimento de Solidariedade Internacional. Em 11 de abril de 2003, Tom Hurndall, uma voluntária britânica para o Movimento de Solidariedade Internacional, foi morta com um tiro na cabeça por um sniper da Força de Defesa Israelense na Faixa de Gaza.

Israel está imune à condenação internacional por seus esforços para continuar a assassina, ilegal e imoral ocupação colonialista da Palestina. Editoriais de indignação e condenação publicados na Europa, mundo árabe, e nos Estados Unidos durante o último episódio não irão dissuadir Israel, um Congresso pela AIPAC (lobby pró-Israel nos EUA), continuar a mandar enxurrada de bilhões de dólares para Israel e permanecer em silêncio sobre suas ações homicidas.

Para que o Estado de Israel ponha fim a sua campanha de assassinato, seria necessário antes de tudo acabar com a dádiva generosa dos contribuintes americanos.

Israel é de longe o maior beneficiário da ajuda externa americana. Desde 1949, os Estados Unidos forneceram a Israel 101 bilhões de dólares em ajuda total, dos quais 53 bilhões foram em ajuda militar. Nos últimos 20 anos, Israel recebeu uma média de 3 bilhões de dólares anuais em subvenções.

O ataque “na frota humanitária recebeu o apoio pleno do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu”. Depois do ataque assassino, Netanyahu cancelou a reunião marcada para esta semana com Obama.

Obama “expressou profundo pesar pela perda de vidas no incidente de hoje, e a preocupação com os feridos”, disse em um comunicado divulgado pela Casa Branca. Ele “também manifestou a importância de saber de todos os fatos e circunstâncias em torno dos trágicos acontecimentos desta manhã, o mais rapidamente possível”, segundo a CNN.

De forma a mais uma vez achar um pretexto para a barbárie israelense, a CNN disse que a vida dos fortemente armados e profissionalmente treinados soldados israelense estava em perigo depois que eles foram atacados por “violência física grave, incluindo fogo, armas, facas e paus”.

CNN, naturalmente, não se preocupou em mencionar relatos de que tropas israelenses chegaram nos barcos já atirando. “Filme da embarcação mostrou soldados israelenses armados a bordo do navio e helicópteros sobrevoando. Israelenses atiraram indiscriminadamente em grupos de civis que estavam dormindo”, relata o Pravda.

Um pouco de história não faz mal a ninguém...

A Palestina é o nome do território situado entre o Mediterrâneo a oeste, o rio Jordão e o Mar Morto a este, a chamada Escada de Tiro a norte (Ras en-Naqura/Roch ha-Niqra, fronteira com o Líbano) e o Wadi el-Ariche a sul (fronteira com o Sinai, tradicionalmente egípcio). Com 27.000 km2, a Palestina é formada, de um modo geral, por uma planície costeira, uma faixa de colinas e uma cadeia de baixas montanhas cuja vertente oriental é mais ou menos desértica.

Foi habitada desde os tempos pré-históricos mais remotos. A sua história esteve geralmente ligada à história da Fenícia, da Síria e da Transjordânia, limítrofes. Talvez por causa da sua situação geográfica – faz parte do corredor entre a África e a Ásia e ao mesmo tempo fica às portas da Europa –, a Palestina nunca foi sede de um poder que se estendesse para além das suas fronteiras. Pelo contrário, esteve quase sempre submetida a poderes estrangeiros, sediados na África, na Ásia ou na Europa. Em regra geral, foi só sob as potências estrangeiras que ela teve alguma unidade política.

DE FINS DO II MILÉNIO A. C. A MEADOS DO SÉCULO XIX
Para compreender a situação actual da Palestina, convém esboçar sua história a partir do II milénio a. C. A Palestina esteve organizada em cidades-estado sob a hegemonia egípcia durante uma boa parte do II milénio. Chegaram então à Palestina sucessivas invasores vindos do norte e do noroeste, das ilhas ou do outro lado do Mediterrâneo. Os historiadores costumam designá-los com a expressão Povos do Mar. Esses povos parecem ter-se fixado sobretudo ao longo da costa. Os mais conhecidos entre eles são os Filisteus que se fixaram sobretudo no sudoeste (costa, oeste do Neguev e Chefela). Aí fundaram vários pequenos reinos (Gaza, Asdod, Ascalão, Gat e Ekron). Paralelamente aos reinos filisteus, constituiram-se primeiro o reino de Israel no norte da Palestina e depois o reino de Judá, mais pequeno, na zona de baixas montanhas do sul. Durante a maior parte da sua existência, Israel teve como capital Samaria. Hebron foi a primeira capital de Judá, mas depressa cedeu o lugar a Jerusalém.
Entre os antigos povos da Palestina, os Filisteus foram porventura os que maior influência exerceram até aos últimos séculos da era pré-cristã. Com efeito, não deve ter sido por acaso que o seu nome foi dado a toda a região, a Palestina, isto é, o país dos Filisteus. Com o sentido que se tornou habitual, o nome está já documentado nas Histórias do grego Heródoto em meados do séc. V a. C. Apesar da sua importância na antiguidade, conhecem-se muito mal os Filisteus e a história dos seus reinos. A razão óbvia dessa ignorância é a inexistência de uma biblioteca ou de bibliotecas filisteias comparáveis ao Antigo Testamento. Praticamente tudo o que se sabe ou se pensa saber sobre os Filisteus se baseia nos escritos bíblicos. Por conseguinte, a posteridade só conhece os Filisteus na medida em que eles estão em relação com Israel, com Judá ou com os judeus. Além disso, vê-os através dos olhos daqueles que foram os seus concorrentes, não raro os seus inimigos declarados. De facto, a posteridade, de maneira geral, não se interessa pelos Filisteus nem os estuda por si mesmos, mas só por causa da sua relação com a história bíblica. Tudo isso deformou a visão que se tem deles, do lugar que ocuparam e do papel que desempenharam, aparecendo os Filisteus como um elemento marginal na história da Palestina antiga. Esse erro de perspectiva influencia sem dúvida alguma a visão corrente que se tem da actual Palestina, da sua composição étnica e da sua situação política.
Os vários reinos palestinenses[1], filisteus e hebraicos, coexistiram durante séculos. Ora guerrearam entre si ora se aliaram para sacudir o jugo da grande potência do momento. A primeira vítima desse jogo foi Israel, conquistado e anexado pela Assíria em 722 a. C. Desde então até 1948 não houve nenhuma entidade política chamada Israel. Os reinos filisteus e o reino de Judá continuaram a existir sob a dependência da Assíria, a grande potência regional entre o séc. IX e fins do séc. VII a. C., cujo território nacional se situava no norte da Mesopotâmia, no actual Iraque.
No fim do séc. VII a. C., o Egipto e a Babilónia, a outra grande potência mesopotâmica, com a sede no sul do Iraque actual, disputaram-se os despojos do império assírio. Tendo a Babilónia levado a melhor, a Palestina ficou-lhe submetida durante cerca de oito décadas. De um modo geral, as histórias, focadas como estão em Judá, falam só da conquista desse reino por Nabucodonosor, da deportação para a Babilónia de parte da sua população, da destruição de várias das suas cidades, nomeadamente de Jerusalém com o templo de Iavé (597 e 587 a. C.). Deve no entanto reparar-se que os reinos filisteus de Ascalão e de Ekron, conquistados por Nabucodonosor respectivamente em 604 e em 603, tiveram um destino semelhante.
Em 539 a. C. a Palestina passou com o resto do império babilónico para as mãos dos Persas Aqueménidas. Sabe-se que estes entregaram a administração do território de Judá, pelo menos de parte dele, a membros da comunidade judaica da Babilónia. Em 331 a Palestina foi conquistada pelo macedónio Alexandre Magno. Após a morte deste, ficou primeiro sob o domínio dos Lágidas ou Ptolomeus que tinham a capital em Alexandria, no Egipto (320-220 a. C.). Depois passou para a posse dos Selêucidas sediados em Antioquia, na Síria (220-142 a. C.). Entre 142-63 a. C, os Asmoneus, uma dinastia judaica, com Jerusalém como capital, conseguiu não só libertar-se do poder selêucida, mas até impôr o seu domínio praticamente em toda a Palestina, inclusivamente nos territórios filisteus. Nessa altura a grande maioria dos judeus já vivia fora da Palestina, encontrando-se dispersos em todo o Próximo Oriente. A dispersão deveu-se sobretudo à emigração e, numa medida de longe muito menor, às deportações de 597-587. Os principais centros judaicos fora da Palestina eram então Alexandria e Babilónia. Profundamente helenizados, os judeus de Alexandria liam as suas Escrituras em grego. Deve-se-lhes a colectânea de escritos que se tornará o Antigo Testamento cristão.
Em 63 a. C., a Palestina passou a fazer parte do império romano dentro do qual não teve sempre o mesmo estatuto. Por voltas de meados do séc. I da era cristã, os judeus da Palestina tentaram libertar-se do domínio romano. Houve primeiro várias sublevações locais. Em 66 a revolta generalizou-se. Em 70 os Romanos conquistaram Jerusalém e destruiram o templo judaico. Os judeus da Palestina voltaram a revoltar-se em 131. Após ter esmagado a revolta, em 135, o imperador Adriano fez de Jerusalém uma colónia romana, Colonia Aelia Capitolina, da qual os judeus estiveram excluídos durante algum tempo. Com a ruína do templo e o fim da autonomia judaica na Palestina desapareceu a maioria dos grupos político-religiosos nos quais o judaísmo, sobretudo o judaísmo palestinense, estava então dividido. Praticamente só ficaram em campo dois grupos: o farisaísmo e o cristianismo, recém-formado. Os dois grupos acabaram por separar-se e evoluiram de maneira independente, em concorrência e, não raro, em conflito. O farisaismo deu origem ao judaísmo rabínico, isto é, o judaísmo actual.
Graças à cristianização do império romano, a Palestina, palco dos acontecimentos fundadores do cristianismo, adquiriu uma grande importância para o mundo cristão, sobretudo para os cristãos que se encontravam dentro do império romano. Por isso durante o período bizantino (324-638) a Palestina conheceu uma prosperidade e um crescimento demográfico notáveis. Durante esse período a esmagadora maioria da sua população tornou-se cristã. Em 614 os Persas Sassânidas invadiram a Palestina, onde causaram grandes estragos. Ocuparam-na até 628, ano em que os Bizantinos a reconquistaram, mas por pouco tempo.
Com efeito, dez anos mais tarde, em 638 toda a Palestina passou para o domínio árabo-muçulmano. Este exerceu-se através de uma sucessão de dinastias, de origens, de etnias e com capitais diferentes. A primeira dessas dinastias, a dos Omíadas (660-750), com a capital em Damasco, foi uma das que mais marcou a Palestina, nomeadamente com a construção do Haram ech-Cherife (o Nobre Santuário/Esplanada das Mesquitas) no lugar que ocupara outrora o templo judaico, tornando Jerusalém na terceira cidade santa do islão. Seguiram-se os Abássidas (750-974) e os Fatimidas (975-1071), com as capitais respectivamente em Bagdad e no Cairo. Entre 1072 e 1092 a Palestina esteve sob os Turcos Seldjúcidas, que então tinham a sede em Bagdad.
Embora não tenha dado origem a uma imigração popular e, por conseguinte, não tenha mudado a composição étnica e a demografia de maneira apreciável, o regime árabo-muçulmano teve como consequência a arabização e a islamização da Palestina. A arabização[2], nomeadamente da população cristã de língua aramaica, língua parenta do árabe, deu-se muito depressa. Não pode dizer-se outro tanto da islamização. Apesar de o islamismo se apresentar como o acabamento da tradição bíblica, partilhada pelo cristianismo, pelo judaísmo e pelo samaritanismo, o processo de islamização da população palestinense (cristã, judaica e samaritana) parece ter sido muito lento. Em 985, após três séculos e meio de regime islâmico, o geógrafo árabe-muçulmano de Jerusalém, conhecido pelo nome de el-Maqdisi («o jerosolimitano»), lamenta-se de que os cristãos e os judeus são maioritários na sua cidade natal. O que el-Maqdisi escreve a respeito da Jerusalém de fins do séc. X valia para o conjunto da Palestina e continuou provavelmente a valer durante cerca de mais dois séculos e meio.
Organizada com o intuito declarado de arrancar o túmulo de Cristo das mãos dos «infiéis», a primeira cruzada terminou, em 1099, com a conquista de Jerusalém e, no ano seguinte, a criação do Reino Latino de Jerusalém. Este manteve-se até 1187, tendo sido então conquistado pelo curdo Saladino, o fundador da dinastia ayúbida. Aos Ayúbidas seguiram-se os Mamelucos, primeiro turcos (1250-1382) e depois circassianos (1382-1516). Os Ayúbidas e os Mamelucos tiveram a capital no Cairo. Segundo a maioria dos especialistas da questão, foi durante o período mameluco que teve lugar a grande vaga da islamização popular da Palestina. Desde então até à segunda metade do séc. XX, os muçulmanos constituiram a esmagadora maioria da população. Do ponto de vista numérico, o segundo grupo era constituído pelos cristãos, seguidos, de muito longe, pelos grupos dos judeus e dos samaritanos. Em 1517 a Palestina passou para o poder dos Turcos Otomanos, cuja capital era Istambul.

SÉCULO XIX - Começos do sionismo
O judaísmo conserva a esperança de que um dia todo o povo judaico disperso «regressará» ao que chama «a Terra/País de Israel», onde se reunirá e viverá como nação, observando rigorosa e integralmente a Lei divina. A nação judaica será assim «inteiramente liberta da servidão» das outras nações. A «redenção de Israel» transbordará, estendendo-se a todos os seres humanos e ao mundo inteiro. Tudo isso será obra de Deus, não do povo. Com efeito, a tradição religiosa vê na dispersão (diáspora) ou no exílio (termo mais corrente, embora historicamente inadequado) o castigo divino pelos pecados do povo, ao qual por conseguinte só o próprio Deus pode pôr fim. Durante muitos séculos a utopia da «redenção de Israel» não transbordou do âmbito religioso, que é a sua matriz. Deu origem a peregrinações e a imigrações individuais ou de pequenos grupos que não modificaram o estatuto político da Palestina nem a sua composição étnica, a qual, apesar das numerosas mudanças políticas e religioso-culturais, parece ter permanecido relativamente estável desde fins do II milénio a. C. até fins do II milénio da era cristã.
A situação começou a mudar no século XIX. No contexto do triunfo das ideologias nacionalistas e da ideia do estado nacional, surgiu entre os judeus laicos da Europa central e oriental um movimento nacionalista secular cujo objectivo era a criação de um estado dos judeus, sendo este considerado como o único meio de assegurar a identidade e a sobrevivência da nação judaica, assim como de lhe garantir um lugar ao sol entre as demais nações. Para os seus partidários, o dito estado tomou de certo modo, sob uma forma secularizada, o lugar que a utopia da «redenção de Israel» ocupa na tradição religiosa. Contrariamente à reunião de «Israel» da utopia religiosa, o estado projectado pelos nacionalistas judeus não tinha necessariamente a Palestina por cenário. Com efeito, o seu principal promotor, Teodoro Herzl (1860-1904)[3], encarou a possibilidade de o criar na Argentina. Falou-se também de Chipre, da África oriental e do Congo. Diga-se de passagem que a liberdade na escolha do futuro «território nacional» de que deram mostras os nacionalistas judaicos se explica pelo facto de se viver então na Europa no apogeu do sonho colonialista. Consideravam-se colonizáveis todos os territórios situados fora da Europa. Colonizá-los era tido por uma obra benemérita, pois era «civilizá-los».
Os nacionalistas judaicos não tardaram a optar pela Palestina. Essa escolha, embora não fosse necessária, era natural e particularmente mobilizadora, por causa da ligação do judaísmo à Palestina e da atracção que ela exerce mesmo sobre muitos judeus que não são religiosos ou originários desse país. O nacionalismo judaico tomou assim o nome de sionismo, palavra que deriva de Sião, um dos nomes de Jerusalém na Bíblia. Repare-se também que a escolha da Palestina se enquadrava nos projectos coloniais das potências europeias, sobretudo da Grã-Bretanha e da França, que preparavam a partilha dos despojos do império otomano decadente. Foi sem dúvida por isso que o projecto sionista vingou.
Durante décadas o sionismo foi um movimento de intelectuais askenazes[4] laicos, sem base popular. Houve componentes do judaísmo, nomeadamente as grandes comunidades sefarditas[5] da África do norte, que estiveram praticamente à margem desse movimento até à década de 1930 ou ainda mais tarde. No entanto, o sionismo acabou por provocar profundas divisões nas diferentes componentes do judaísmo, religioso e secular, askenaze, sefardita e pertencente a outros grupos. Embora se tenham atenuado ou transformado, essas divisões subsistem ainda hoje.
Para a maioria esmagadora dos rabinos da Europa central e oriental que se encontraram confrontados com ele, o projecto dos sionistas de criar o estado dos judeus, apoiando-se para isso nos seus próprios meios políticos, diplomáticos e económicos, era a negação da esperança na «redenção de Israel» por iniciativa e obra exclusivas de Deus. Por isso, condenaram o sionismo como uma manifestação de orgulho, o pecado por excelência. O partido Agudat Israel (União/Associação de Israel), fundado em Kattowitz (Silésia, Polónia) em 1912, incarnou essa posição. O dito partido propunha-se reunir todos os judeus fiéis à Lei para se oporem ao nacionalismo sionista considerado como uma ameça mortal para o «autêntico judaísmo». No entanto, na década de 1930, o Agudat Israel mitigou, por pragmatismo, a sua oposição ao sionismo, aceitando que a Palestina se tornasse o refúgio para os judeus europeus perseguidos. Em 1948 reconheceu de facto as instituições do Estado de Israel. Participou em todas as eleições legislativas israelenses[6] e em vários governos. No entanto, algumas facções minoritárias não aceitaram a mudança de orientação. Além de persistirem na negação da legitimidade religiosa do Estado de Israel e na recusa de qualquer colaboração com ele, tornaram-se críticos acérrimos da sua política. Entre os pequenos grupos representantes dessa tendência, o dos Neturei Karta (Guardiães da Cidade) é actualmente o mais conhecido.
Uma minoria entre os judeus religiosos da Europa central e oriental aceitou bastante cedo colaborar com os sionistas. Um dos primeiros expoentes desta posição foi o rabino Isaac Jacob Reines (1839-1915), nascido em Karolin, na Bielorússia. Na origem, essa posição tinha sobretudo por objectivo não deixar aos seculares o monopólio do socorro prestado aos judeus pobres e perseguidos. Incarnou-a o Mizrahi (Centro Espiritual), fundado em Vilnius (Lituânia) em 1902. Segundo essa corrente do judaísmo religioso, nada impede a colaboração com o sionismo, pois este não é incompatível com a tradição. A razão que ela dá funda-se, paradoxalmente, no carácter inteiramente materialista e político do sionismo. Dado o seu teor, o sionismo não pode fazer concorrência à esperança messiânica, que se situa num plano completamente diferente. A ideia da coexistência pacífica do judaísmo religioso e do sionismo depressa cedeu o lugar a uma integração da ideologia sionista dentro do sistema religioso tradicional. O autor dessa integração foi o rabino Abraão Isaac Hacohen Kook (1865-1935), nascido em Griva na Letónia, primeiro Rabino-Mor askenaze da Palestina (1921-1935). Contrariamente aos seus homólogos do Agudat Israel, o rabino Kook vê no sionismo um instrumento de que Deus se serve para dar início à «redenção de Israel», e no Estado dos judeus a aurora da redenção ou do reino de Deus. Os principais herdeiros actuais desta concepção do sionismo são o Partido Nacional Religioso e o Guch Emunim (Bloco da Fé), que reune os opositores mais irredutíveis à devolução de qualquer parcela da Cisjordânia e da Faixa de Gaza conquistadas por Israel em 1967, assim como os colonizadores mais zelosos desses territórios.
O sionismo provocou também clivagens entre os judeus secularizados. Uns abraçaram-no com mais ou menos entusiasmo e agiram ou não em conformidade, outros serviram-se dele para diferentes fins, outros olharam-no com indiferença e outros ainda rejeitaram-no terminantemente, por razões políticas, morais, culturais ou sociais. Além dos anti-sionistas religiosos, os autênticos adversários do sionismo são ainda hoje judeus seculares, o que é natural, na medida em que a questão diz directamente respeito a uns e a outros.
O sionismo tornou-se popular entre os judeus, sobretudo entre os judeus seculares, da Europa oriental e central a partir de 1881 por causa dos numerosos ataques e pilhagens (pogroms, em russo) de que aí foram vítimas entre esse ano e 1921. De facto, foi a Europa oriental que forneceu os contingentes de emigrantes judeus que então foram instalar-se na Palestina. As duas primeiras vagas da emigração coincidiram aliás com as duas primeiras vagas de pogroms, que tiveram lugar respectivamente em 1881-1884 e em 1903-1906. A esmagadora maioria dos emigrantes era gente pobre e perseguida. Dirigiam-na intelectuais das classes médias. Estes fizeram financiar a operação por membros da burguesia judaica ocidental, europeia e norte-americana, ansiosa por desviar da sua porta uma imigração popular judaica que iria contrariar os seus desígnios de «assimilação» nos países respectivos.

Primeira Grande Guerra e a Palestina
A Primeira Grande Guerra teve consequências decisivas para a Palestina. As potências aliadas não esperaram pelo fim da guerra para preparar o desmantelamento e a liquidação do império turco, aliado da Alemanha. Procurando aproveitar-se do nacionalismo árabe, a Grã-Bretanha prometeu ao cherife Hussein de Meca o seu apoio para a criação de um estado árabe independente tendo por fronteira ocidental o mar Vermelho e o Mediterrâneo, em troca da revolta árabe contra a Turquia. De facto, a Palestina, que faz parte do território do anunciado estado árabe, era cobiçada ao mesmo tempo pela Grã-Bretanha e pela França, mas as duas potências admitiram o princípio da sua internacionalização nos acordos secretos de Sykes-Picot de 16 de Maio de 1916. Esse facto não impediu a Grã-Bretanha de prometer no ano seguinte, na chamada Declaração Balfour, à Federação Sionista que faria todo o possível para o estabelecimento de «um lar nacional para o povo judaico» (a national home for the Jewish people) na Palestina. Para os sionistas, o circunlóquio «um lar nacional para o povo judaico» designava um estado judaico ou um estado dos judeus. O movimento sionista evitava o termo estado, falando antes de «lar nacional» ou de pátria, para não exacerbar a oposição turca ao projecto.
De facto, as forças britânicas, às quais se renderam as forças turcas em Jerusalém a 9 de Dezembro de 1917, terminaram a ocupação da Palestina em Setembro de 1918. A Palestina ficou então sob administração militar britânica, a qual foi substituída por uma administração civil a 1 de Julho de 1920. Entretanto, na Conferência da Paz reunida em Paris em Janeiro de 1919, as Potências Aliadas decidiram que os territórios da Síria, do Líbano, da Palestina/Transjordânia e da Mesopotâmia não seriam devolvidos à Turquia, mas passariam a formar entidades distintas, administradas segundo o sistema dos Mandatos. Criado pelo artigo 22 do Pacto da Liga das Nações a 28 de Junho de 1919, o sistema dos Mandatos destinava-se a determinar o estatuto das colónias e dos territórios que se encontravam sob o domínio das nações vencidas. O dito documento declara que «algumas comunidades outrora pertencentes ao império turco atingiram um estado de desenvolvimento» que permite reconhecê-las provisoriamente como nações independentes. Em relação a essas nações, o papel das potências mandatárias seria ajudá-las a instalar a sua administração nacional independente. O mesmo documento estipula ainda que os desejos dessas nações devem ser uma consideração principal (a principal consideration) na escolha da potência mandatária. Na conferência de San Remo a 25 de Abril de 1920, o Conselho Supremo Aliado repartiu os Mandatos para essas nações entre a França (Líbano e Síria) e a Grã-Bretanha (Mesopotâmia, Palestina/Transjordânia). O Mandato para a Palestina, que incorpora a Declaração Balfour sobre o estabelecimento do «lar nacional para o povo judaico», foi aprovado pelo Conselho da Liga das Nações a 24 de Julho de 1922, tornando-se efectivo a 29 de Setembro do mesmo ano. Ao abrigo do disposto no art. 25 do Mandato para a Palestina, o Conselho da Liga das Nações decidiu a 16 de Setembro de 1922 excluir a Transjordânia de todas as cláusulas relativas ao lar nacional judaico, e dotá-la com uma administração própria. De facto, o território que os sionistas pretendiam para nele estabelecer o seu estado era bastante mais vasto do que a Palestina. Abarcava também toda a parte oeste da Transjordânia, o planalto do Golã e a parte do Líbano a sul de Sidão.
Como previsto, todas essas nações se tornaram efectivamente independentes no curso das três décadas seguintes: O Iraque (Mesopotâmia) a 3 de Outubro de 1932, o Líbano a 22 de Novembro de 1943, a Síria a 1 de Janeiro de 1944 e, finalmente, a Transjordânia a 22 de Março de 1946. A única excepção foi a Palestina.
O obstáculo que fez descarrilar o processo da independência da Palestina foi a adopção pela Liga das Nações, seguindo nisso as pegadas da Grã-Bretanha, do projecto sionista da criação do «lar nacional para o povo judaico» nesse país. A Organização Sionista Mundial tinha entretanto amadurecido esse projecto e tinha-lhe granjeado apoios muito sólidos, vindo-lhe o principal da Grã-Bretanha. Esta expressou o seu patrocínio ao projecto sionista na já referida Declaração Balfour. Trata-se de uma carta que A. J. Balfour, Ministro dos Negócios Estrangeiros, escreveu, a 2 de Novembro de 1917, ao Lorde L. W. Rothschild, representante dos judeus britânicos, e, por seu intermédio, à Federação Sionista. Numa altura em que a Palestina ainda era oficialmente território turco, o Governo de Sua Majestade Britânica declara à Federação Sionista ver com bons olhos o estabelecimento de «um lar nacional para o povo judaico» nesse país e compromete-se a fazer todo o possível para facilitar a realização desse projecto. A carta acrescenta uma ressalva segundo a qual «nada deverá ser feito que prejudique os direitos cívicos e religiosos das comunidades não-judias que existem na Palestina». As ditas «comunidades não-judias» constituiam então um pouco mais de 90 % da população. De facto, em 1918, a Palestina tinha 700.000 habitantes: 644.000 árabes (574.000 muçulmanos e 70.000 cristãos) e 56.000 judeus.
A Declaração Balfour era originalmente um compromisso que a Grã-Bretanha asssumia, por razões que lhe eram próprias, para com a Federação Sionista. Mas entretanto ela recebeu o aval das Principais Potências Aliadas e foi incorporada no Mandato para a Palestina, aprovado pela Liga das Nações a 24 de Julho de 1922. Com efeito, o essencial da Declaração Balfour é citado explicitamente no § 2 do preâmbulo do dito documento. É ainda reforçado no § 3, graças a dois elementos que não constavam na Declaração Balfour, isto é, a menção da ligação histórica do povo judaico com a Palestina e a ideia da reconstituição do seu lar nacional nesse país. Dos vinte e oito artigos do texto do Mandato seis têm por objecto o estabelecimento do lar nacional judaico ou medidas com ele relacionadas. O art. 2, que é o primeiro de carácter programático, começa assim: «A (Potência) Mandatária terá a responsabilidade de pôr o país em condições políticas, administrativas e económicas que assegurem/garantam o estabelecimento do lar nacional judaico (of the Jewish national home), como está estipulado no preâmbulo...». Outros cinco artigos tratam de medidas destinadas a realizar esse programa. Essas medidas dizem respeito: ao papel de conselheira de uma «Agência Judaica apropriada» nos diferentes domínios da governação (art. 4); às facilidades que devem ser concedidas aos judeus nas questões relativas à imigração, assim como no que respeita à sua instalação no país, inclusivamente nas terras do Estado ou nos baldios (art. 6); às facilidades que devem ser concedidas aos judeus na obtenção da nacionalidade (art. 7); à concessão de obras e serviços públicos à Agência Judaica (art. 11b); à imposição do hebraico como língua oficial ao lado do inglês e do árabe (art. 22), embora os judeus fossem então só um pouco mais de 11 % da população. A Palestina tinha nessa altura 757.182 habitantes, dos quais 83.794 eram judeus.
Sem excluir formalmente o objectivo normal do tipo de Mandato aplicado aos países árabes do império otomano, que era levar à plena independência a população que então os habitava, o Mandato para a Palestina tinha outro objectivo, que lhe era próprio, isto é, promover a criação de um lar nacional judaico – subentenda-se a criação de um estado judaico – com gente que, na sua maioria esmagadora, estava ainda espalhada pelo mundo e, por conseguinte, deveria ser trazida de fora. O seu documento fundante não deixa dúvidas de que o objectivo prioritário do Mandato para a Palestina – para não dizer o seu verdadeiro objectivo – era criar o lar nacional judaico. É verdade que o documento também menciona as comunidades não-judaicas então existentes na Palestina e os seus direitos cívicos e religiosos – não refere os seus direitos políticos –, mas as suas menções vêm em segundo lugar e expressam-se sob a forma de ressalvas feitas às medidas destinadas a implementar o projecto sionista.
Graças ao Mandato para a Palestina, o patrocínio do projecto sionista, que era um elemento da política britânica, tornou-se política oficial da Liga das Nações. Esta não só deu ao projecto sionista a caução internacional mas forneceu-lhe também os meios para a sua realização. A Grã-Bretanha, a quem o Conselho Supremo Aliado (isto é, os vencedores da guerra) confiara o Mandato da Palestina, era sem dúvida alguma a potência mais indicada para implementar a política da Liga das Nações em relação a esse país. De facto, a administração britânica procurou cumprir fielmente enquanto pôde a missão que lhe fora confiada.
Por seu lado, as organizações sionistas aproveitaram as infra-estruturas administrativas e económicas que o Mandato pôs à sua disposição para acelerar a realização do projecto de criação do Estado judaico na Palestina. Para isso intensificaram a imigração dos judeus da Europa oriental e central, em três vagas principais: em 1919-1923, 1924-1928 e 1932-1940. Em 1931 os judeus eram 174.610 de um total de 1.035.821 habitantes da Palestina. Em 1939, já são mais de 445.000 e em 1946 atingem o número de 608.230 de um total de habitantes da Palestina respectivamente de 1.500.000 e de 1.972.560. Por outro lado, o Fundo Nacional Judaico, isto é, o fundo da Organização Sionista Mundial para a compra e o desenvolvimento da terra, intensificou a aquisição de terras. Estas tornavam-se «propriedade eterna do povo judaico», inalienável e que só podia ser arrendada a judeus. No caso das explorações agrícolas, até a mão de obra devia ser exclusivamente judaica. Por fim, os sionistas criaram em pouco tempo as principais estruturas do futuro estado, nomeadamente um exército clandestino (a Haganá).
A maneira como os vencedores da Primeira Grande Guerra decidiram o destino da Palestina, servindo-se para isso da Liga das Nações, é quase uma caricatura da duplicidade e da prepotência que não raro caracterizam as relações internacionais. De facto, há especialistas do Direito Internacional que questionam a legalidade das decisões da Liga das Nações em relação à Palestina em nome das regras que ela própria fixara. Assim, apesar de ter classificado a Palestina num grupo de nações às quais reconhecia imediatamente a independência formal e prometia a independência efectiva a curto prazo, a Liga das Nações impôs-lhe um Mandato cujo objectivo prioritário não era a instalação da administração palestiniana nacional, como previa o documento que institutiu o sistema dos Mandatos, mas, sim, a criação do «lar nacional judaico» com gente que ainda estava espalhada pelo mundo. Ora, este objectivo não só contrariava o processo de transição para a independência política efectiva da Palestina, mas era incompatível com o próprio princípio da sua independência com a população que ela então tinha, princípio esse que a Liga das Nações admitira previamente. Por outro lado, tendo nomeado a Grã-Bretanha para potência mandatária sem ter consultado os palestinianos, o Supremo Conselho Aliado não respeitou a regra fixada pelo Pacto da Liga das Nações, segundo a qual os desejos das comunidades submetidas a esse tipo de Mandato deviam ser uma consideração principal na escolha da potência mandatária (art. 22 )[7].
Mandato britânico (1922-1948)
Os palestinianos viram no patrocínio que deram primeiro a Grã-Bretanha e depois a Liga das Nações ao projecto sionista de criação do lar nacional judaico na Palestina a negação do seu direito à independência. Ora, tanto a Grã-Bretanha como a Liga das Nações, explícita ou implicitamente, não só lhes tinham reconhecido esse direito, mas também lhes tinham prometido o seu gozo pleno a curto prazo. Por isso, além do mais, os palestinianos sentiram-se defraudados. Naturalmente, opuseram-se ao projecto da criação do lar nacional judaico na Palestina desde o primeiro instante – logo que tiveram conhecimento da Declaração Balfour – e tentaram, por todos os meios, impedir a sua realização, pois temiam que dela resultasse a sua submissão, não só política mas também económica, aos sionistas, passando assim do domínio turco para o domínio judaico, com um intervalo britânico. Apresentaram protestos contra a Declaração Balfour à Conferência de Paz de Paris e ao Governo Britânico. A primeira manifestação popular contra o projecto sionista teve lugar a 2 de Novembro de 1918, primeiro aniversário da Declaração Balfour. Essa manifestação foi pacífica, mas a resistência depressa se tornou violenta, expressando-se em ataques contra os judeus que degeneravam em confrontos sangrentos. Houve motins em 1920, durante a Conferência de San Remo que distribuiu os Mandatos, em 1921, 1929 e 1933. De um modo geral, as erupções de violência eram cada vez mais graves à medida que o Mandato se prolongava e a colonização sionista se estendia e fortalecia. Os acontecimentos desenrolavam-se segundo uma sequência que se tornou habitual. A potência mandatária respondia aos motins nomeando uma comissão real de inquérito, cujas recomendações reconheciam a legitimidade das reivindicações palestinianas e levavam a anunciar ou a esboçar tímidas medidas tendentes a satisfazê-las. Mas, dado que contrariavam o objectivo primordial do Mandato, essas medidas ficavam letra morta ou eram depressa esquecidas. E o ciclo recomeçava.
A resistência palestiniana culminou na revolta de 1936-1939. Em Abril de 1936, distúrbios locais entre árabes e judeus degeneraram numa revolta generalizada dos palestinianos. A revolta já não visava só a colonização sionista. Dirigia-se sobretudo contra as autoridades britânicas, o poder estrangeiro, de quem os palestinianos exigiam a constituição de um governo nacional. As autoridades britânicas ripostaram com uma repressão violenta e os sionistas com represálias. Os palestinianos começaram uma greve geral a 8 de Maio de 1936 coordenada pelo Alto Comité Árabe, que era composto por representantes dos principais partidos. Terminaram-na em Outubro do mesmo ano como resposta ao anúncio de mais uma comissão real de inquérito. A trégua foi de pouca dura, a revolta não tardando a recomeçar. Tendo chegado à conclusão de que os palestinianos não renunciariam à independência, os britânicos encararam em 1937 a hipótese de dividir a Palestina em dois estados, um árabe e o outro judaico. Essa solução não satisfazia nenhuma das partes. Os palestinianos não renunciavam a uma parte do seu território. Os sionistas, que viam com razão nesse plano um desvio da política oficial não só britânica mas também internacional, ainda não aceitavam a ideia de criar o estado judaico só numa parte da Palestina, o que aparentemente significaria renunciar à reivindicação da totalidade do país. A revolta palestiniana continuou e durou até 1939. Considerando inviável o plano de divisão da Palestina, os britânicos fazem marcha atrás e propõem no «Livro Branco» de 1939 a criação de um só estado para árabes e judeus, no prazo de dez anos. O mesmo documento propunha o fim da imigração judaica dentro de cinco anos e limitava a 75.000 o número de imigrantes durante esse prazo de tempo. Além disso, previa uma regulamentação estrita da compra de terras pelas organizações judaicas. Esse conjunto de medidas implicava que os árabes constituiriam um pouco mais de dois terços dos cidadãos do Estado da Palestina. O peso dos dois povos na administração do Estado seria proporcional à sua importância numérica. As autoridades mandatárias tentaram executar as recomendações do «Livro Branco» de 1939, mas sem verdadeiro êxito.
O «Livro Branco» de 1939 confirmou a viragem na política britânica já esboçada dois anos antes. Ao abandonar a ideia da criação de um estado judaico, as autoridades mandatárias romperam com a política seguida até então. Isso representava um sério revés para os sionistas. Estes tiveram que adoptar uma nova estratégia, a qual comportou três elementos principais. Promoveram a imigração ilegal, tarefa essa facilitada pelo genocídio judaico que a Alemanha nazi estava então a perpetrar na Europa central e oriental. Nessas circunstâncias a Palestina aparecia como o lugar de refúgio para os judeus europeus, sobretudo do centro e do leste. Além disso, os sionistas procuraram obter o apoio dos Estados Unidos da América (EUA) para substituir o apoio britânico. Alguns grupos armados lançaram-se numa campanha de guerrilha contra as autoridades britânicas e os árabes. Nessa altura a Haganá não era o único grupo armado judaico. Havia também o Irgun e o Stern[8], que se destacaram na guerrilha pela sua violência. Entre as numerosas acções realizadas pelo Irgun contra as autoridades britânicas, a mais conhecida é o atentado do Hotel King David em Jerusalém, onde estava instalada a administração governamental. A explosão de uma ala do edifício, no dia 22 de Julho de 1946, custou a vida a 91 pessoas, das quais 86 funcionários (britânicos, árabes e judeus). Declarando-o inviável por ter duas missões inconciliáveis, a Grã-Bretanha renunciou ao Mandato e remeteu a questão da Palestina para a sucessora da Liga das Nações, a Organização das Nações Unidas (ONU), em Fevereiro de 1947. A 29 de Novembro de 1947 a Assembleia Geral da ONU, retomando uma ideia que já tinha sido proposta dez anos antes, aprovou a resolução 181 que recomendava a divisão da Palestina em dois estados, um judaico e o outro árabe. Os dois estados estariam unidos do ponto de vista económico. Jerusalém (incluindo Belém) não pertenceria a nenhum dos estados, mas formaria um corpus separatum sob a jurisdição da ONU. Passados dez anos haveria um referendo entre os habitantes da cidade sobre o seu regime. O plano deveria entrar em vigor dois meses depois do fim do Mandato que a Grã-Bretanha fixou para o dia 15 de Maio de 1948.

Criação do Estado de Israel (14/05/1948) e as consequências ao povo palestiniano
Como já o tinham feito em 1937 e pelas mesmas razões, os palestinianos opuseram uma recusa formal ao plano de divisão. De facto, a ONU mostrou-se incapaz de o aplicar. Não se tendo previsto nada para substituir as forças britânicas, a sua retirada deixou os árabes e os judeus frente a frente. Os judeus asseguraram as posições dentro dos territórios que o plano da ONU lhes concedia e procuraram ocupar outros. A 14 de Maio de 1948, véspera do fim do Mandato e da retirada das últimas forças britânicas, os judeus proclamaram o Estado de Israel. A partir do dia 15 a guerra alargou-se com a entrada na Palestina de uma coligação de forças regulares transjordanas, egípcias e sírias, ajudadas por contingentes libaneses e iraquianos.
Israel tinha já em 1948 uma enorme vantagem sobre a coligação árabe. O seu exército era mais numeroso, estava melhor treinado e melhor equipado. Além disso, Israel tinha o apoio das grandes potências e a simpatia da opinião pública ocidental. Os combates cessaram praticamente no dia 7 de Janeiro de 1949, graças à intervenção da ONU. Entre 23 de Fevereiro e 20 de Julho desse mesmo ano, os países árabes implicados na guerra, excepto o Iraque, assinaram armistícios com Israel. Os territórios ocupados por Israel no fim da guerra constituiam cerca de 78 % da Palestina. Tornaram-se, de facto, o território do Estado de Israel. Ficaram fora dele a cadeia de baixas montanhas do centro e do sul da Palestina, a chamada Cisjordânia, assim como a Faixa de Gaza. Jerusalém ficou dividida: a parte oeste da cidade extra-muros ficou do lado de Israel; a cidade antiga e o bairro extramuros a norte ficaram do lado árabe. Israel declarou Jerusalém sua capital, decisão essa ignorada pela comunidade internacional, pois ia contra a Resolução 181 da Assembleia Geral da ONU de 1947, que recomendava a internacionalização da cidade. No dia 11 de Maio de 1949, o Estado de Israel foi admitido na ONU. A 24 de Abril de 1950, a Cisjordânia com a parte de Jerusalém sob domínio árabe foi anexada à Transjordânia, que passou a chamar-se Reino Hachemita da Jordânia. A Faixa de Gaza ficou sob administração militar egípcia.
Entre setecentos a novecentos mil palestinianos do que se tornou o território de Israel, isto é, a esmagadora maioria da sua população autóctone, encontraram-se na situação de refugiados. Uns fugiram de suas casas aterrorizados ao aproximarem-se as forças judaicas. O pânico que se abateu sobre a população palestiniana foi criado em boa parte pelos massacres cometidos pelas forças judaicas em vários pontos do país. O mais conhecido é o de Der Yassin, que era então uma aldeia na vizinhança de Jerusalém. As suas terras estão hoje ocupadas por Giveat Chaul, um bairro da cidade. A 9 de Abril de 1948, um comando do Irgun e do Stern entrou em Der Yassin e massacrou mais de cem pessoas, homens, mulheres e crianças. A notícia desse massacre provocou a fuga de cerca de 100.000 pessoas da região de Jerusalém. Outros palestinianos foram expulsos à força. Entre os vários casos conhecidos, os de maiores proporções tiveram lugar em Lida (a actual cidade de Lod) e Ramlé. Uma escaramuça com tropas árabes ocorrida no dia 12 de Julho de 1948 serviu de pretexto ao exército de Israel para uma violenta repressão que custou a vida a 250 pessoas, algumas das quais eram prisioneiros desarmados, assim como para a expulsão de cerca de 70.000 pessoas, algumas das quais já eram refugiadas. A ordem de expulsão foi dada pelo próprio Primeiro-Ministro, David ben Gurion. Os seus executores foram Igal Alon e Isaac Rabin. A Galileia foi a região do território de Israel onde ficaram mais palestinianos. As zonas de maior densidade populacional palestiniana ficaram sob administração militar até 8 de Dezembro de 1966.
A 11 de Dezembro de 1948 a ONU aprovou a resolução 194 que reconhece aos refugiados palestinianos o direito de regressarem aos seus lares ou de serem indemnizados, se assim o preferirem. Apesar de o preâmbulo da resolução que o admitiu na ONU mencionar explicitamente a aplicação desta resolução, Israel recusou-se e continua a recusar-se a aplicá-la. Apressando-se a arrasar as aldeias palestinianas que tinham sido esvaziadas dos seus habitantes (o número habitualmente avançado é de cerca de 500 localidades) e distribuindo as suas terras aos imigrantes judeus, Israel tornou impossível o regresso de uma boa parte dos refugiados aos seus lares. A esmagadora maioria dos refugiados amontoou-se em acampamentos na Faixa de Gaza, na Cisjordânia, na Jordânia, na Síria e no Líbano. No dia 1 de Maio de 1950 a ONU criou a UNRWA, a agência internacional que se ocupa deles.
Desde a criação do Estado de Israel, o conflito que o opõe aos palestinianos tem sido o epicentro de um conflito entre Israel e o conjunto dos países árabes, com fortes repercussões mundiais. Esse conflito foi, em particular, a causa, ou pelo menos a ocasião, da emigração da maioria esmagadora dos judeus dos países árabes para a Palestina/Israel a partir dos últimos anos da década de 1940. As circunstâncias variaram ligeiramente segundo os países. De um modo geral, pode dizer-se que uns emigraram por causa da hostilidade de que o conflito os tornou alvos nos seus respectivos países e os outros foram «puxados» ou «empurrados» por Israel, desejoso de multiplicar o mais rapidamente possível a sua população judaica por razões nacionalistas, militares e económicas, repovoando assim o território que havia sido praticamente esvaziado da sua população palestiniana. De facto, os «judeus orientais» depressa se tornaram maioritários em Israel, mas o aparelho de estado e o poder económico ficaram bem firmes nas mãos dos askenazes. A importância numérica entre os dois grupos mudou entretanto a favor dos askenazes com os numerosos imigrantes vindos, nas últimas décadas, das repúblicas soviéticas, antes e depois da dissolução da União Soviética.

A guerra de 1967 e as suas consequências
Desde o fim da Guerra de Suez, em 1956, forças internacionais separavam os exércitos de Israel e do Egipto e garantiam a liberdade de navegação no Golfo de Akabá. A 19 de Maio de 1967, o Secretário-Geral da ONU, U Thant, decidiu retirá-las, a pedido do Presidente do Egipto Gamal Nasser. No dia 22 de Maio, G. Nasser fechou o Golfo de Akabá aos barcos israelenses. Israel ripostou no dia 5 de Junho com uma guerra-relâmpago durante a qual ocupou toda a Península do Sinai (egípcia), a Faixa de Gaza (sob administração militar egípcia), a Cisjordânia juntamente com Jerusalém Oriental (anexadas pela Jordânia em 1950) e o Planalto do Golã (sírio). Israel anexou a parte de Jerusalém recém-ocupada.
A chamada «Guerra dos Seis Dias» fez mais refugiados palestinianos, da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, alguns dos quais o eram pela segunda vez. Calcula-se que o seu número foi superior a 50.000. A maioria foi para a Jordânia. Os restantes foram para o Egipto, a Síria e outros países.
No dia 22 de Novembro de 1967, o Conselho de segurança da ONU aprovou a resolução 242 que se propunha formular os termos para uma paz justa e duradoura no Próximo Oriente, baseada no respeito pelos princípios da Carta da ONU e na inadmissibilidade da aquisição de territórios pela guerra. A resolução ordena a retirada das forças armadas israelenses dos territórios ocupados no recente conflito[9] em troca do reconhecimento pelos estados árabes do Estado de Israel dentro das linhas do armistício de 1949. Além disso, a resolução ressalta a necessidade de garantir a liberdade de navegação através das águas internacionais da área e de dar uma solução justa ao problema dos refugiados. Longe de se retirar dos territórios recentemente ocupados, como exigia a resolução 242 do Conselho de Segurança da ONU, Israel começou logo a colonizá-los com cidadãos seus.
De 1967 a 1995
A história do conflito israelo-palestiniano desde 1967 é um rosário de planos de paz abortados, de esperanças frustradas e, como nos períodos anteriores, de violência, sangue, destruição e lágrimas. Referiremos só, rapidamente, os factos, os acontecimentos e as datas que nos parecem mais marcantes e susceptíveis de ajudar a compreender a situação actual.
Começaremos por assinalar uma mudança nos papéis desempenhados pelos intervenientes no conflito. A anexação da Cisjordânia pela Jordânia em 1950 e a passagem da Faixa de Gaza para a tutela do Egipto levaram a uma espécie de eclipse do povo palestiniano. A situação mudou a partir de 1967. O povo palestiniano voltou a tomar em mãos o seu destino. Por mais que se tenha esforçado por negar a sua existência, Israel teve finalmente que reconhecer o povo palestiniano não só como povo, mas também como «interlocutor/inimigo» inevitável. Incarnou as aspirações nacionais palestinianas a Organização de Libertação da Palestina (OLP), uma coligação de partidos ou grupos que havia sido criada em Jerusalém, em 1964. Tal como foi formulada em 1968, a Carta da OLP, na linha do que sempre fora a política palestiniana, propunha-se como objectivo a criação do Estado da Palestina em todo o território nacional. Isso implicava o desaparecimento do Estado de Israel. A carta da OLP considerava os judeus que viviam na Palestina antes da «invasão sionista» como palestinianos com pleno direito à cidadania, como os demais habitantes: muçulmanos, cristãos e de outras religiões ou etnias.
A chefia da OLP esteve na Jordânia até 1971. Derrotada no conflito armado que a opôs ao Governo Jordano (Fevereiro e Setembro de 1970), a OLP foi expulsa desse país em 1971, instalando-se então no Líbano. Na sequência desses acontecimentos, alguns grupos palestinianos, que se apelidaram «Setembro Negro», lançaram-se numa campanha de guerrilha internacional, cujas acções mais espectaculares foram os numerosos desvios de aviões comerciais e o atentado contra os atletas israelenses que participavam nos Jogos Olímpicos de Munique a 5-6 de Setembro de 1972.
No dia 6 de Outubro de 1973, o Egipto e a Síria tentaram, em vão, reconquistar militarmente cada qual os territórios conquistados por Israel em 1967. No dia 22 do mesmo mês, o Conselho de Segurança da ONU aprovou a Resolução 338 que reafirma a validade da Resolução 242 e apela para um cessar-fogo e para negociações com vistas a «instaurar uma paz justa e duradoura no Próximo Oriente». Os combates cessaram três dias mais tarde.
No mês seguinte, a Liga Árabe, reunida na Cimeira de Argel (26-28 de Novembro de 1973), declarou a OLP único representante do povo palestiniano. Desde 1970 a Assembleia Geral da ONU afirmava regularmente o direito do povo palestiniano à auto-determinação. No dia 13 de Novembro de 1974, Yasser Arafat fez um discurso na Assembleia Geral da ONU. Esta reconheceu aos palestinianos o direito à independência e concedeu à OLP o estatuto de observador. A ideia da criação do Estado da Palestina só em parte do território nacional, já abordada em Junho de 1974, foi aceite no 13º Conselho Nacional Palestiniano, de 12-20 de Março de 1977.
No dia 17 de Setembro de 1978, foram assinados os acordos de Camp David entre o Egipto, Israel e os EUA. Israel devolveu o Sinai ao Egipto. Paralelamente à retirada do Sinai, que terminou a 25 de Abril de 1982, Israel intensificou a colonização da Cisjordânia e do Golã. Em conformidade com os acordos de Camp David, o Egipto e Israel começaram, a 25 de Maio de 1979, negociações sobre um estatuto de autonomia para os palestinianos da Cisjordânia e de Gaza, não escondendo Israel a intenção de anexar esses territórios no termo dos cinco anos previstos para a autonomia.
No dia 6 de Junho de 1982, Israel invadiu o Líbano com a intenção declarada de expulsar de lá a OLP. Nos termos de um cessar-fogo negociado sob a égide dos EUA, as forças da OLP foram evacuadas do Líbano entre 10 e 13 de Setembro desse ano, mudando-se a sua chefia para Tunes. Foi então que se deram os massacres de Sabra e de Chatila. Nos dias 15-16, o exército de Israel ocupou a parte ocidental de Beirute. No dia 16, as Forças Libanesas (milícias cristãs aliadas de Israel) entraram nos campos de refugiados palestinianos de Sabra e de Chatila e mataram homens, mulheres e crianças. Os soldados israelenses que cercavam os campos assistiram aos massacres sem intervir. Segundo a comissão de inquérito oficial israelense houve 800 mortos; segundo a OLP, terá havido 1500. A dita comissão israelense concluiu que Ariel Charon, então Ministro da Defesa, foi indirectamente responsável pelo sucedido.
No dia 9 de Dezembro de 1987 rebentou a primeira Intifada (insurreição) em Gaza e na Cisjordânia contra a ocupação.
No dia 31 de Julho de 1988, o rei Hussein da Jordânia anunciou oficialmente que rompia «os vínculos legais e administrativos» do seu país com a Cisjordânia, renunciando à pretensão de soberania sobre esse território que havia sido anexado pelo seu avô em 1950.
No 19º Conselho Nacional Palestiniano, reunido em Argel, a OLP proclama o Estado de Palestina no dia 15 de Novembro de 1988, aceita as resoluções do Conselho de Segurança da ONU 181, 242 e 338 e reafirma a condenação do terrorismo.
Na sequência da chamada «Guerra do Golfo», houve a Conferência Internacional de Madrid (inaugurada no dia 30 de Outubro de 1991) e as primeiras negociações bilaterais entre Israel e três dos seus vizinhos árabes (Jordânia, Síria e Líbano). Os palestinianos ainda não tiveram a sua delegação própria. Fizeram parte da delegação jordana.
Negociações secretas entre israelenses e palestinianos tidas em Oslo, no Inverno de 1992-1993, levaram finalmente ao reconhecimento entre Israel e a OLP a 9 de Setembro de 1993. A 13 do mesmo mês Yasser Arafat e Isaac Rabin assinaram em Washington a «Declaração de Princípios sobre as Disposições Interinas de “Auto-Governo”». A dita declaração determinava a entrega de parte da Cisjordânia e da Faixa de Gaza aos palestinianos, entrega essa concebida como a primeira etapa de um processo que deveria desembocar, no prazo de cinco anos, na solução do conflito que opõe os palestinianos e os sionistas/israelenses desde há quase um século. De facto, Y. Arafat entrou em Gaza no dia 1 de Julho de 1994 e o exército de Israel terminou a retirada das cidades palestinianas, excepto de Hebron, em Dezembro de 1995. Os palestinianos viram nesse facto o começo da realização do sonho de um estado palestiniano independente, embora só em cerca de um quinto da sua pátria e dividido em duas partes (Cisjordânia e Faixa de Gaza), separadas pelo território de Israel. Incluindo Jerusalém Oriental, a Cisjordânia tem uns 5.850 km2. A Faixa de Gaza tem uns 365 km2.
Desde 1995
No dia 23 de Outubro de 1998, Israel e a Autoridade Palestiniana assinaram o memorando de Wye River que previa a entrega à Autoridade Palestiniana de mais 13 % do território da Cisjordânia no prazo de três meses, mas passados menos de dois meses, a 18 de Dezembro, Israel suspendeu a sua aplicação.
No dia 4 de Maio de 1999 terminou o período da autonomia palestiniana previsto na «Declaração de Princípios». Sob a instigação do Presidente dos EUA William Clinton, Y. Arafat e Ehud Barak assinaram, no dia 4 de Setembro do mesmo ano, o memorando de Charm ech-Cheikh, que redefinia o calendário para a aplicação do memorando de Wye River e, além disso, estipulava a abertura de dois corredores seguros entre a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, a libertação de mais um grupo de prisioneiros palestinianos e o começo das negociações sobre todas as questões ainda em suspenso. Tudo isso ficou letra morta. W. Clinton convocou de novo Y. Arafat e E. Barak com os quais se reuniu em Camp David de 11 a 24 de Julho. As negociações avançaram, mas não se chegou a um acordo. Seguiram-se ainda outras tentativas de negociações instigadas igualmente por W. Clinton, prestes a terminar o seu mandato. A última dessas tentativas teve lugar em Taba (Egipto) de 21-27 de Janeiro de 2001, dias antes de os israelenses escolherem A. Charon para seu primeiro-ministro em vez de E. Barak.
Resumindo, os acordos de Oslo não criaram a dinâmica de paz que deles se esperava. Praticamente não se foi além da aplicação do que se previa que fosse só a sua primeira fase. É verdade que Israel se retirou das oito zonas urbanas da Cisjordânia e de cerca de 80 % da Faixa de Gaza, deixando assim a maioria esmagadora dos palestinianos sob a jurisdição exclusiva da Autoridade Palestiniana[10]. Repare-se, no entanto, que as oito zonas urbanas da Cisjordânia são ilhas num mar israelense[11]. Não havendo contiguidade territorial entre elas, estão isoladas umas das outras. Em condições «normais», essa situação entrava seriamente a circulação de pessoas e bens e, por conseguinte, todas as actividades, nomeadamente a actividade económica, dos palestinianos. Em situações de «crise», ela permite ao exército israelense reocupar em poucos minutos, e com poucos meios (uns quantos tanques e buldózeres), as cidades palestinianas ou sitiá-las, encarcerando nelas os seus habitantes. Pelo contrário, os colonos israelenses continuaram a evoluir à vontade num espaço aberto, dispondo para isso de uma moderna rede rodoviária própria, que não só lhes permite circular na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, mas também os liga ao território de Israel. Longe de parar, como deveria ter acontecido em conformidade com o espírito do «processo de Oslo», a colonização, sobretudo da Cisjordânia, intensificou-se. Cresceram os colonatos já existentes e criaram-se outros novos. Para esse efeito, confiscaram-se mais terras. Isto e o não-cumprimento por parte de Israel de outros acordos levaram os palestinianos a perder a confiança no «processo de Oslo». A frustração, à altura da imensa esperança que o dito processo havia suscitado, levou os palestinianos à beira da explosão. A visita de A. Charon, então chefe da oposição israelense, à Esplanada das Mesquitas em Jerusalém, no dia 28 de Setembro de 2000, serviu de rastilho. O horror do que desde então se passa na Palestina tem ecoado ruidosamente em todo o mundo dia após dia, graças aos meios de comunicação social.

ALGUMAS CONCLUSÕES E REFLEXÕES

Começaremos por um apanhado dos pontos de divergência fundamentais que existem actualmente entre a Autoridade Palestiniana e Israel.

1 – A questão dos refugiados. Israel recusa-se a aplicar a Resolução 194. Aprovada pela Assembleia Geral da ONU a 11 de Dezembro de 1948 e reafirmada todos os anos, essa resolução reconhece aos refugiados o direito de regressarem aos seus lares ou de serem indemnizados, se assim o preferirem. Israel nega-se até a reconhecer a sua responsabilidade moral e legal pela existência dos refugiados. Durante décadas «legitimou» essa recusa dizendo que os palestinianos abandonaram as suas casas por ordem dos países/exércitos árabes, que lhes teriam prometido o regresso dentro de pouco tempo. Ora, os estudos dos chamados «novos historiadores» israelenses da última década confirmaram o que os historiadores palestinianos sempre disseram e os bons conhecedores da questão sabiam há muito, para não falar das vítimas: Essa versão da origem do problema dos refugiados palestinianos é uma invenção da propaganda israelense. Por isso, Israel funda agora abertamente a recusa do regresso dos refugiados no que é, e sempre foi, a verdadeira razão: O regresso dos refugiados mudaria a composição étnica de Israel, que se «arriscaria» a deixar de ser um estado maioritariamente judaico. Ora, foi precisamente para evitar esse «perigo» que Israel expulsou muitos dos refugiados de suas casas.

Os refugiados palestinianos são, de facto, muito numerosos. A 30 de Junho de 1999, a UNRWA recenseava 3.600.000. Não entram nesse número os que se tornaram refugiados em 1967 (mais de 50.000) e os seus descendentes. Sabe-se que existem mais umas centenas de milhar de palestinianos que foram deslocados e não constam nas listas da UNRWA.

2 – Jerusalém Oriental. A parte oriental de Jerusalém foi conquistada em 1967. O plano da internacionalização de Jerusalém (na sua totalidade, indo até Belém) tendo sido aparentemente abandonado, a parte oriental da cidade é um dos territórios ocupados em 1967, que a Resolução 242 do Conselho de Segurança ordena devolver. O facto de Israel a ter anexado e de lhe ter alargado as fronteiras não muda de forma alguma o seu estatuto do ponto de vista da legalidade internacional. Essas medidas foram aliás declaradas nulas repetidas vezes pelas instâncias da ONU. No que se pode considerar um gesto de boa vontade, a Autoridade Palestiniana aceita ceder a Israel a soberania sobre partes de Jerusalém Oriental, nomeadamente o chamado «Muro das Lamentações», o único vestígio das construções ligadas ao templo judaico que se conhece[12]. Por ser o lugar do antigo templo judaico, do qual nada é visível, Israel opõe-se à soberania palestiniana sobre a Esplanada das Mesquitas, a qual com o santuário do Domo do Rochedo e a Mesquita de El-Aqsa, bem visíveis, é o terceiro lugar santo do islão.

3 – Colonatos. No decurso dos 35 anos de ocupação da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, Israel criou mais de duas centenas de colonatos sobretudo na Cisjordânia. Para esse efeito, apoderou-se de todos os recursos hídricos e da maioria das terras da Cisjordânia: umas declarou-as baldias e as outras, nomeadamente as que pertenciam aos refugiados ou a outras pessoas ausentes em 1967, confiscou-as. Calcula-se que há hoje 200.000 israelenses a viver na Cisjordânia e outros tantos em Jerusalém Oriental, ao lado de cerca de 2.000.000 de palestinianos. Na Faixa de Gaza há 6.900 israelenses, que dispõem de cerca de 20 % do território, ao lado de cerca de 1.200.000 palestinianos, dos quais cerca de 70% são refugiados. 33 % dos palestinianos da Faixa de Gaza vivem nos campos de refugiados administrados pela UNRWA. Sobrepovoadíssima, a Faixa de Gaza é um dos territórios do mundo com maior densidade demográfica.

A instalação de cidadãos civis do estado ocupante num território ocupado é explicitamente proibida pela IV Convenção de Genebra relativa à Protecção das Pessoas Civis em Tempo de Guerra que Israel assinou. Por isso, a colonização israelense de Jerusalém Oriental e dos demais territórios ocupados foi muitas vezes declarada ilegal pelas instâncias da ONU (Conselho de Segurança e Assembleia Geral). Nas mesmas ocasiões as ditas instâncias internacionais exortaram Israel a anular todas as medidas tomadas no sentido da colonização dos territórios ocupados.

Imagens do conflito israelo-palestiniano que deformam completamente a realidade.
1 - Embora haja uma imensa admiração pelas proezas de Israel, nomeadamente pelas suas façanhas militares, tende-se não raro a pensar que as partes envolvidas no conflito israelo-palestiniano têm forças mais ou menos iguais. Ora, isso é inteiramente falso. Israel é uma grande potência militar não só a nível regional, mas também a nível mundial. Tem um dos exércitos mais poderosos do mundo. Tem também um poder económico apreciável. Além disso, seja qual for o seu governo ou a política seguida, tem disposto e continua a dispôr, incondicionalmente, do apoio económico, diplomático e político dos EUA, seja qual for o partido da sua administração. Ora, como se sabe, os EUA são actualmente a única superpotência e agem como donos incontestados do mundo. Pelo contrário, os palestinianos são na sua maioria um povo de refugiados sem nada que se compare, nem de muito longe, com os trunfos de Israel. Aliás, a incipiente infra-estrutura económica palestiniana foi em grande parte destruída por Israel nos últimos meses. Dada a imensa desigualdade das forças, é quase impossível que haja autênticas negociações entre as duas partes. De facto, Israel tem agido e continua a agir como quem quer, pode e manda, com a certeza de que os palestinianos terão de acabar mais uma vez por vergar a espinha e aceitar as suas condições, apanhar as migalhas que eles se dignam atirar-lhes. Longe de reconhecer a imensa injustiça que cometeu e continua a cometer para com os palestinianos, Israel tem agido e age para com eles com uma prepotência e uma arrogância imensas, particularmente chocantes porque vindas de pessoas que sabem, ou deviam saber, melhor do que ninguém o que é ser vítima da injustiça. Esse comportamento tem provocado e provoca cada vez mais uma humilhação indizível nos palestinianos. Do ponto de vista humano, é porventura isso o que mais profundamente os fere.
A desproporção abissal entre as forças em presença explica a diferença na natureza das armas usadas e nas formas de combate adoptadas por cada uma das partes, deitando cada uma mãos dos meios de que dispõe. À desproporção nas forças em presença corresponde naturalmente a desproporção na grandeza da violência e do terror semeados por cada uma das partes, no número de vidas destruídas e na importância dos danos materiais causados.
2 - Não é raro que os meios de comunicação social apresentem os palestinianos como os iniciadores do conflito que os opõe a Israel, isto é, os agressores. Ora, isso é pôr a realidade do avesso. Na melhor das hipóteses, os meios de comunicação social apresentam as duas partes como se estivessem num pé de igualdade do ponto de vista jurídico e moral. Ora, isso é falso. Dêm-se-lhe as voltas que se quiser, o facto insofismável é que Israel é o ocupante e os palestinianos são os ocupados. Israel é o opressor e os palestinianos são os oprimidos. Os palestinianos lutam para se libertar da ocupação e da opressão. Israel luta para perpetuar a ocupação e a opressão. Os palestinianos, autóctones da Palestina, não invadiram a terra de niguém, não colonizaram ninguém. Foram, sim, as vítimas de um processo de colonização clássico, do qual, em última análise, as potências europeias vencedoras da Primeira Grande Guerra – a Grã-Bretanha em primeiro lugar –, assim como os EUA são em grande parte os responsáveis. Como costuma repetir o Patriarca Latino de Jerusalém Monsenhor Michel Sabbah, a ocupação israelense é, no caso presente, a violência fundamental. É ela que engendra as outras violências de que tanto se tem falado nestes últimos tempos. Ao reconhecerem o Estado de Israel aquando dos acordos de Oslo, os palestinianos renunciaram aos cerca de 78 % da sua pátria de que o dito Estado os despojou em 1948-1949. A única coisa que reclamam é a devolução dos cerca de 22 % da Palestina que Israel conquistou em 1967 para neles criarem o seu estado, ao lado do Estado de Israel. Assiste-os em toda a linha a legalidade internacional, cuja aplicação não fazem senão exigir. Não deve esquecer-se que a dita legalidade internacional, na realidade, consagrou em boa parte factos consumados impostos pela força, que sempre beneficiaram os israelenses e lesaram os palestinianos. A criação de um estado árabe ao lado de um estado judaico na Palestina foi recomendada pela resolução 181 da Assembleia Geral da ONU de 29 de Novembro de 1947. Repare-se que a ONU atribuia ao estado árabe 43 % do território, não os 22 % que os palestinianos hoje reclamam. A justiça mais elementar exige que os refugiados palestinianos possam regressar a suas casas, se assim o desejarem, ou sejam indemnizados pelo que perderam. Foi isso mesmo o que ordenou a Resolução 194 do Conselho de Segurança da ONU de 1948, Resolução essa que tem sido reafirmada pelas instâncias da mesma organização internacional dezenas de vezes. A retirada de Israel da Cisjordânia/Jerusalém Oriental e da Faixa de Gaza foi ordenada pela resolução 242 do Conselho de Segurança da ONU de 1967.
Teoricamente, essas decisões da ONU deveriam ser executadas pura e simplesmente, sem regateios. As negociações, caso as houvesse, normalmente deveriam ter só por objecto as questões práticas relativas à execução das ditas decisões. Claro que quando há boa vontade, em particular, no mundo mediterrânico, são sempre possíveis acomodamentos e arranjos.
Entre os inumeráveis conflitos que ensanguentaram e ensanguentam o mundo no último século, o que opõe israelenses e palestinianos é um dos mais duradouros e, sem dúvida, o que mais eco encontra no mundo, pelo menos no mundo que é herdeiro da tradição bíblica por intermédio do cristianismo, do islão e do judaísmo. Os simples cidadãos que somos, com maior razão se não somos nem israelenses nem palestinianos, sentimo-nos completamente impotentes perante ele. Há uma coisa que podemos fazer, porventura a única. É oferecer a nossa simpatia e a nossa solidariedade não aos que querem eternizar a injustiça, mas àqueles, israelenses e palestinianos, que procuram pôr-lhe fim, pelo menos na medida em que isso ainda é possível.

LISBOA - 2002 - PORTUGAL Fonte: Comissão Justiça e Paz - CNIR/FNIRF

História dos Judeus

O nome de Israel se estendeu a uma estreita faixa de terra onde viviam os descendentes de Jacó, entre o mar Mediterrâneo, a península Arábica e a Síria cerca de 2 mil anos antes de Cristo. Por se tratar de um local que constitui uma ponte natural entre a Ásia, a África e a Europa, a região foi sempre disputada e - da Antigüidade até meados do século 20 - os grandes impérios ali se impuseram: egípcios, assírios, babilônios, persas, gregos, romanos, bizantinos, árabes, turcos e ingleses.

As invasões resultaram na dispersão dos judeus pelo mundo, em especial a partir de 70 d.C., quando este povo promoveu uma grande rebelião contra o domínio romano. As legiões de Roma reprimiram duramente a revolta e incendiaram o templo de Jerusalém, um símbolo da unidade política e religiosa hebraica. Somente uma parte do muro exterior continua de pé até hoje, constituindo um grande monumento religioso do judaísmo.

Mesmo dispersos, sem um território que os abrigasse, os judeus conseguiram se manter como um povo ou uma nação, devido ao imenso apego a suas tradições religiosas e culturais.

Em 2 mil anos de exílio, os judeus sempre constituíram minorias em outros países, sendo constantemente discriminados e perseguidos. O cristianismo, após tornar-se a religião oficial do Império romano, contribuiu bastante para isso, retirando a culpa da crucificação de Jesus que pesava sobre Roma e atribuindo-a aos judeus, que passaram a ser vistos como os "assassinos de Cristo". Não é difícil imaginar o que lhes aconteceu durante a Idade Média ou a Contra-Reforma, quando a Igreja Católica imperava.

Em meados do século 19, a maior parte dos judeus se encontrava nos países da Europa oriental, como a Polônia, a Lituânia, a Hungria e a Rússia. Nessa época, a antiga Israel era uma província do Império turco, denominada Palestina. Ao mesmo tempo, uma onda de nacionalismo atingia a Europa com a unificação da Itália e da Alemanha.

Desenvolveu-se, então, também entre os judeus um movimento nacionalista que se orientava pela idéia de recriar uma nação judaica no território de sua pátria ancestral. O movimento recebeu o nome de sionismo, que se origina de Sion, a antiga designação de uma colina de Jerusalém que passou a denominar esta mesma cidade bem como a própria Israel.

Na Basiléia, Suíça, em 1897, teve lugar o 1º Congresso Sionista, presidido por Theodor Herzl, o fundador do movimento. Seu objetivo era obter um documento reconhecido internacionalmente que legitimasse o estabelecimento dos judeus na Palestina. As comunidades judaicas da Europa ocidental - ricas e bem integradas às nações onde estavam - contribuíram para levar o projeto adiante.

No começo, não houve oposição ao projeto por parte dos árabes, que vendiam os terrenos e conviviam pacificamente com seus compradores. Assim, novas levas de imigrantes judeus foram chegando à Palestina entre 1904 e 1914. A eclosão da Primeira Guerra Mundial alterou o equilíbrio da região e comprometeu as relações entre árabes e judeus, que já chegavam ao número de 60 mil.

O petróleo, que já se transformara em fonte essencial de energia para o mundo, no Oriente Médio tornou-se foco de disputa entre as grandes potências envolvidas no conflito. O controle do petróleo poderia assegurar a vitória de uma das partes em guerra. Para enfrentar seus inimigos alemães e turcos, a Inglaterra armou os árabes. Há um filme clássico sobre o tema: "Lawrence da Arábia", de David Lean, que é imperdível.

Com o fim da Primeira Guerra, o Império britânico, vitorioso, impôs seu poder em todo o Oriente Médio. Seu domínio foi marcado pelo desenvolvimento da economia e da infraestrutura da região (ferrovias, rodovias, sistemas de abastecimento de água, etc.), atraindo novas levas de imigrantes judeus.

Em 1931, eles já eram cerca de 170 mil e suas colônias agrícolas progrediam assim como suas cidades, Jerusalém, Tel Aviv e Haifa, onde se construíam fábricas, escolas e hospitais. Data desse momento a deterioração da relação entre árabes e judeus. A elite árabe não via com bons olhos os ideais democráticos judaicos nem a modernização social que eles promoviam.

Líderes de comunidades árabes da Palestina passaram a incitar seu povo contra os "invasores ocidentais". Vieram as primeiras agressões. Os ingleses, a princípio, mantiveram-se omissos. Depois, para preservar seus interesses petrolíferos, procuraram agradar os árabes, limitando a imigração de judeus e a compra de terras na Palestina.

Por sua vez, para se defenderem, os judeus criaram um exército, a Haganah ("defesa", em hebraico), que se manteve na clandestinidade desde sua fundação, em 1920, até a independência de Israel, 28 anos depois.

A Segunda Guerra Mundial gerou nova reviravolta no Oriente Médio. Fascistas italianos e nazistas alemães apoiaram os árabes com armas e dinheiro para combater ingleses e judeus. Estes, apesar da posição hostil da Inglaterra, aliaram-se a ela em combate ao inimigo comum.

Entretanto, em 1942, quando circularam notícias dos campos de extermínio na Europa, grupos judeus passaram a enfrentar tanto árabes quanto britânicos e a Haganah passou a trabalhar pelo fim do Mandato britânico na Palestina, bem como criou um serviço de imigração ilegal para Israel.

A pressão internacional, os altos custos miliatres de ocupação da Palestina e ações guerrilheiras de grupos judeus forçaram a Grã-Bretanha a levar a questão para a recém-fundada Organização das Nações Unidas.

Quando a ONU propusesse uma solução de consenso, a Inglaterra abriria mão de seu Mandato na Palestina. Em abril de 1947, um Comitê Especial das Nações Unidas propôs a partilha da Palestina em um Estado judeu (já com cerca de 650 mil habitantes) e um Estado árabe-palestino (com o dobro dessa população).A 14 de maio de 1948, seis horas antes do término oficial do Mandato britânico, David Ben Gurion, que seria o primeiro governante israelense, leu a declaração de Independência de Israel. Os Estados Unidos e a União Soviética, as potências do pós-guerra, reconheceram rapidamente o novo Estado.Porém, já no dia seguinte à independência, os árabes se uniram para atacar Israel. Os judeus resistiram e venceram seus adversários. Na guerra, conquistaram 78% do antigo território palestino (22% a mais do que previa o plano de partilha da ONU para alojar a população árabe). Em 1949, firmou-se um primeiro acordo de paz entre os árabes e o Estado de Israel, já reconhecido pela comunidade internacional, inclusive o Brasil

Uma visão histórica e política do conflito entre judeus e árabes.

O historiador Christian Karam recupera o processo de formação do Estado hebreu e diz que o Hezbollah tem apoio massivo de grupos sociais libaneses historicamente marginalizados pela elite burguesa-liberal de Beirute

A origem do "Estado de Israel" e suas motivações
por Cleber última modificação 26/07/2006 03:41


Em entrevista, o historiador Christian Karam, estudioso da História do Islã, do Oriente Médio e do conflito palestino-israelense traça um raio-x cronológico sobre a origem do "Estado de Israel" e suas profundas implicações.
Karam explica que, apesar de outras regiões terem sido cogitadas para a instalação do "Estado de Israel", em fins do século 19 – como Uganda (na África Oriental) e a Bacia do Rio da Prata – , a região da Palestina Otomana acabou se sobressaindo das demais em virtude principalmente das migrações massivas, a partir de 1917, incentivadas pelo governo britânico – que "via com bons olhos" imperialistas a criação de um "lar nacional judaico" na Palestina histórica (de maioria populacional árabe e islâmica).

Brasil de Fato – O senhor poderia nos fazer um resumo sobre a origem do "Estado de Israel".

Christian Karam– O termo "sionismo" foi criado em 1885 pelo escritor judeu-austríaco Nathan Birnbaum como uma alusão a "Sion", um dos nomes bíblicos de Jerusalém (Al-Quds para os árabes e muçulmanos). Nessa época, "sionismo" basicamente significava uma resposta ao problema nacional judeu que advinha de dois principais fatos: da dispersão judaica em vários países e regiões do mundo; e da sua constituição, em cada um desses países, como uma minoria populacional, onde inclusive muitos judeus eram perseguidos, como era o caso da Europa anti-semita do século 19. Assim, a solução sionista pretendia acabar com essa situação, através do retorno a "Sion" (que hoje, conhecemos como um fenômeno histórico idealizado e concebido como o mito de origem fundador do nacionalismo judeu moderno), onde conformariam uma maioria populacional e uma entidade político-estatal independente. Assim, é nesse espectro que surge o sionismo político internacional fundado pelo jornalista judeu-húngaro Theodor Herzl (1860-1904) na Europa em fins do século 19 como um movimento nacionalista preponderantemente laico e secular que visava à fundação de um Estado nacional judaico. Para Herzl, o "problema judaico" (abordado no seu livro "O Estado judeu", de 1896) não se resolveria através da assimilação a outras sociedades ou países, e nem era de origem econômica, social ou religiosa, mas sim nacional. Com isso, Herzl via como única solução possível o abandono da diáspora pelos judeus para a conquista de um território sobre o qual exerceriam uma soberania para organizar e estabelecer o seu próprio estado nacional.

BF – A história que uma região na África havia sido especulada para receber os judeus pós-guerra confere?

Karam– Em fins do século 19, os sionistas haviam proposto a colonização judaica da Palestina Otomana, apesar de terem cogitado outras regiões, como Uganda (na África Oriental) e a Bacia do Rio da Prata. Assim, se em algum momento entre os dois "pós-guerras" (1918 ou 1945) especulou-se sobre outra região que não a Palestina para a imigração e colonização judaicas com vistas à formação de um Estado hebreu, isso foi em vão e sem sentido, pois, antes desses dois períodos históricos, a decisão pela Palestina já havia sido tomada e as migrações massivas já haviam iniciado, principalmente a partir de 1917, quando a Declaração Balfour britânica "via com bons olhos" a criação de um "lar nacional judaico" na Palestina histórica (de maioria populacional árabe e islâmica). Isso denota o claro apoio colonial e imperialista inglês à causa nacional sionista que, entre outros atores (como a ONU), determinou a partilha da Palestina entre um Estado árabe e outro judeu em 1947 e a criação do Estado de Israel em 1948.

BF - Como se portam os judeus não-sionistas? Li que eles criticam a criação do Estado de Israel por ter se baseado num conceito de "raça" – assim como os nazistas caracterizavam os judeus. O senhor poderia explicar isso melhor?

Karam – Creio que hoje em dia é um pouco difícil falar em "judeus não-sionistas", porque o conceito político-nacional "sionista", devido aos próprios fatos e processos históricos que experimentou ao longo do século 20, é hoje considerado quase como sinônimo de "conservadorismo" ou de uma "ideologia de direita e reacionária", e acabou por abarcar, em linhas gerais, o termo étnico-cultural (e religioso) "judeu". Assim, atualmente seria um pouco complicado separar um do outro, e dizer que há "sionistas" e que há "judeus" que não seriam sionistas.
Porém, historicamente isso não ocorreu assim. Como vimos, a principal corrente do sionismo (a "trabalhista", que se opunha à "revisionista", de direita) nasceu de um pensamento laico e secular e de uma ideologia com matizes político-filosóficos marxistas que, inclusive, não dava quase importância ao Judaísmo como tal e era contrário à via armada, opção defendida pelos revisionistas para a conquista territorial e a fundação de um Estado. O que ocorreu foi que a corrente "revisionista" de direita quase que sequestrou os ideais e a estratégia de ação dos pais fundadores do sionismo da primeira metade do século 20 após a criação do Estado de Israel em 1948 (para alguns, até antes, nos anos 1930-40, quando vemos o endurecimento da investida sionista na Palestina, cuja retaliação foi a revolta árabe-palestina de 1936-39) e, principalmente, depois da Guerra dos Seis Dias de 1967, fenômeno que se alastra até hoje. Isso não significa que atualmente não exista todo um espectro político-ideológico progressista e de esquerda em Israel (embora enfraquecido), que é pacifista e pró-palestinos, mas que não deixa de ser também "sionista", se considerarmos esse termo na sua acepção original e histórica.

BF – Mas quem seriam os judeus não-sionistas de hoje?

Karam– Se formos considerar o que tu chamas de "judeu não-sionista", acredito que essa expressão então deveria ser entendida como equivalente aos atuais judeus de esquerda e pacifistas. Ademais, devemos assinalar que os chamados "judeus ortodoxos", que na acepção atual seriam o melhor exemplo de "sionistas", são, paradoxalmente, contrários à própria existência do Estado de Israel, justamente porque ele é fruto de um projeto laico e secular, que não teria aguardado o regresso do Messias, o único encarregado de realizar tal façanha segundo a chamada visão "fundamentalista" judaica.

BF – Desde a criação do Estado de Israel, quais territórios principais eles ocuparam? Quando falamos em Palestina, devemos considerar a Faixa de Gaza e a Cisjordânia juntas e só isso?

Karam – Segundo a partilha da Palestina histórica, proposta e aprovada pela ONU, o Estado árabe deveria ficar com aproximadamente 43% do território, enquanto que, ao Estado judeu-sionista, competiria controlar 56%. Os restantes 1%, Jerusalém, seriam colocados sob um mandato internacional administrado pela ONU. Essa divisão respeitava muito pouco dois fatores essenciais – a ocupação das terras e a maioria populacional – pois a maioria do território seria controlada por uma minoria judaica (30%). Segundo o estudioso Henri Cattan, os sionistas "não respeitaram nem antes nem depois os limites fixados pela resolução de partilha da ONU", pois, antes da fundação de Israel e da primeira guerra árabe-israelense, os judeus, através de sua superioridade econômica e militar (e paramilitar das milícias de direita), já tinham comprado 6% das terras e invadido a maior parte delas, expulsando a população civil árabe-palestina. Assim, após a primeira guerra árabe-israelense de 1948-49, a ocupação sionista da Palestina havia ascendido a mais de 70% do território, deixando aos árabes as piores terras de cultivo para sobreviver. Após a Guerra dos Seis Dias de 1967, quando Israel conquista a Cisjordânia à Jordânia, a Faixa de Gaza e a Península do Sinai (esta seria devolvida depois) ao Egito e as colinas de Golã à Síria, aprofunda-se ainda mais o fenômeno da "direitização" e militarização do sionismo, pois, segundo o historiador israelense Shlomo Ben-Ami, "o sionismo se redefinia perigosamente (...) devido ao encontro dos israelenses com as ‘terras bíblicas’ da Judéia e Samaria (...)", numa alusão à perda de legitimidade histórica e política de Israel em manter os territórios ocupados, situação que persiste na Cisjordânia, Faixa de Gaza e nas colinas de Golã, o que hoje representa quase 80% do território da Palestina histórica sob controle e administração israelense. Assim, aquilo que os palestinos hoje reivindicam para constituir seu Estado soberano nada mais é do que 20% das terras originais do mandato britânico, um valor bem menor do que os 43% do plano de partilha de 1947.

BF – O objetivo de Israel é derrubar o governo do Hamas?

Karam – Eu diria que, a curto prazo, o objetivo de Israel é enfraquecer o democraticamente eleito e, portanto, legítimo governo palestino do Hamas, para talvez tentar conduzi-lo à queda a médio e longo prazos. O problema é que o próprio Estado de Israel e a política externa dos EUA são culpados pela eleição do Hamas ao terem debilitado politicamente e atacado (inclusive militarmente) as instituições do governo anterior da al-Fatah de Arafat, facção centrista da OLP, que também vinha sofrendo um desgaste interno e enfrentando acusações de corrupção, principalmente por parte dos integristas islâmicos e da esquerda palestina, que ainda não teve a oportunidade de governar. Diz-se que o atual dilema norte-americano e de seu aliado israelense na região é ter de escolher entre governos civis laicos esquerdistas (às vezes não tão democráticos) e um islamismo político religioso e reacionário (e às vezes democrático), este tendo constituído um fenômeno em grande medida apoiado e difundido pelos EUA e por Israel durante a Guerra Fria, mas que jamais poderiam imaginar que se voltaria contra eles e que chegaria ao poder.

BF – O assassinato do primeiro-ministro libanês, pró-EUA, Hariri pode ser considerado o início de tudo?

Karam – Não. O assassinato do ex-primeiro-ministro libanês representa mais um fato de todo esse processo que envolve a causa palestina e a ocupação israelense de terras árabes e a ressonância e influência que ambas vêm tendo na região nas últimas décadas. Esse é o caso da ramificação sírio-libanesa do conflito, em que o Hezbollah libanês pró-sírio e apoiado pelo Irã tem obtido, no âmbito político-social, um massivo apoio interno de grupos sociais libaneses historicamente marginalizados (operários, classes médias urbanas e camponeses de maioria xiita) pela elite burguesa-liberal tanto cristã (notadamente maronita) como muçulmana sunita de Beirute e das principais cidades do país. Externamente, o Hezbollah constituiu-se, para as massas árabes e muçulmanas, como o grande vencedor ao infligir, após 18 anos de enfrentamentos, uma derrota a Israel (que, em 2000, retirou suas tropas ocupantes da então chamada "zona de segurança" do sul do Líbano). Assim, o Hezbollah e outros grupos guerrilheiros e de resistência (alguns fundamentalistas, outros não) e os próprios países do Oriente Médio (Líbano, Síria, Irã, etc.) que representem um projeto político-econômico oposto ou que sejam simplesmente uma voz dissonante em relação à política externa norte-americana (e de seu quase Estado-vassalo, Israel) são e serão considerados como parte de um plano mais amplo de reestruturação geopolítica, econômica e militar, que já vem ocorrendo no Oriente Médio e na Ásia Central, como é o caso do Iraque e do Afeganistão, e cujo objetivo é impor a "" à região de acordo com as normas do "" neoconservador de Washington.

BF – E o islamismo nisso tudo? A união das correntes deve perdurar até quando?

Karam – Nos casos específicos do Hezbollah libanês e do Hamas palestino não penso que possamos formalmente falar de uma "união das correntes". O que há é uma espécie de solidariedade e apoio indireto mútuo entre esses grupos, mesmo porque o islamismo político do Hamas difere daquele do Hezbollah (por exemplo, este grupo é xiita e, aquele, sunita). Porém, uma semelhança estratégica da luta de ambos que poderíamos apontar, como o faz o especialista no tema, o francês Olivier Roy, seria a incorporação da defesa de um nacionalismo árabe e/ou islâmico ao discurso islamista/fundamentalista do Hamas e do Hezbollah, numa alusão meramente tática (mas não de uma ideologia marxista ou comunista) ao que propunham ou faziam os nacionalismos das esquerdas pan-árabes e socialistas dos anos 1950-70, os reais grandes perdedores dessa verdadeira "batalha" político-ideológica e sócio-econômica pelo controle do poder estatal no Oriente Médio e nos países árabes nos últimos 30 anos.

BF – Como os governantes do mundo ocidental vão se posicionar se a guerra adquirir contornos mais dramáticos? Quem seriam os "Aliados" e o "Eixo" de uma terceira guerra?

Karam– Ora, a maioria dos governos dos países ocidentais que pertencem ao que, numa linguagem marxista, chamamos de "centro do sistema capitalista" (como o G-7, a Rússia e a Austrália), e também seus aliados da periferia desse sistema (alguns países da Europa Oriental, América Latina, Ásia Oriental, África Subsaariana e do próprio Oriente Médio) respalda e respaldará claramente Israel ou, em alguns poucos casos, até criticará Israel e levantará a bandeira da "paz", conceito que, esvaziado de seu real sentido e propósito, tornou-se uma espécie de "moda pós-moderna politicamente correta" das relações internacionais. Porém, duvido muito da adoção de medidas e sanções concretas contra o uso desproporcionado e ilegal da força militar por parte de Israel ao atacar a Faixa de Gaza e o Líbano nessas últimas duas semanas. Não acredito na propagação do conflito para além das fronteiras do Oriente Médio de uma guerra que, na verdade, é até sub-regional (o que não envolveria o Irã), porque já há outras duas frentes de batalhas na área (Iraque e Afeganistão), mas principalmente porque o que Israel está fazendo é servir a sua potência protetora e financiadora ao pôr em prática o projeto geopolítico republicano da administração Bush dirigido a reorganizar as forças políticas do Oriente Médio, ainda que, neste caso, seu alcance e objetivo sejam, pelo menos num primeiro momento, de nível sub-regional (Palestina, Líbano e, indiretamente, Síria).

Opinião crítica da autora do blog Jabá aqui não rola

A região assinalada pelo conflito entre Judeus e Palestinos, é demarcada historicamenrte por conflitos de disputa territorial variáveis no tempo e no espaço entre vários povos, que não judeus e arábes. Hoje essa faixa de terra é uma região de ponto estratégico por ser porta de entrada entre três continentes,a Áfrika, Ásia, Europa. Outro fator preponderante nesse conflito é o Petróleo existente no Oriente Médio, fonte de riqueza. Os EUA com menos capacidade em Petróleo e sendo importador do produto, é um dos maiores responsáveis em instigar o conflito e patrocinar guerras na região, aliando-se sempre com Israel, e quando é do interesse americano também se alia a outro país árabe. Os americanos também ganham muito financeiramente com as guerras no Oriente Médio com a venda de armas de todos os portes. Os EUA é o maior país em indústria bélica e exportador do produto. E tem seus agentes que lidam com questões políticas e econômicas de várias partes do mundo a serviço do governo americano.

O maior erro foi não se criar o Estado Palestino ao mesmo tempo em que se criava o Estado de Israel. A força dada aos judeus que já vinham dominando a região através de conflitos e guerras, foi devastadora para todo o Oriente Médio, que não tem paz, e observam sua soberania ameaçada pelo Ocidente de ideologia capitalista de extrema direita, que através da opressão e muitas vezes de embargos economicos obrigam árabes e orientais a viver sob o julgo, da força dominante, da fome, das guerras, do atraso social.

O desrespeito pela cultura e costumes dos povos do Oriente Médio, a intromissão em seus valores culturais, religiosos, economicos e sociais tem gerado ódio a desses contra o Ocidente, mas precisamente contra os EUA e seus aliados.

fontes: site Brasil de fato, UOL Educação, Gazeta web, Lisboa Portugal - CNIR/FNIRF, tilexperts.com